Há datas que são importantes pelo significado, pela liberdade que nos trouxeram.
Gostava que um dia os meus filhotes percebessem a importância deste dia, do “meu” 25 de Abril, mas se eles continuarem por aqui quer-me parecer que será sempre mais um feriado que há em Portugal mas que não há em Macau (longe vão os tempos em que também era feriado aqui...)
Era pequena no 25 de Abril, ainda não tinha 4 anos e vivia longe das grandes cidades, no campo.
As imagens que tenho deste dia são ténues e confusas e nem tenho a certeza se são memórias minhas.
Há imagens que não tenho a certeza de ter visto, de ter vivido.
Há imagens que penso serem verdadeiras, outras que penso ser ilusão, sugestão.
Há coisas que ouvimos tantas vezes com descrições tão pormenorizadas que as começamos a imaginar e até parece que são nossas, que as vivemos mesmo.
Demasiado pequena no 25 de Abril, no fim de um processo complicado de luta pelo poder paternal entre o meu pai e a minha mãe, e já com tantas recordações mais ou menos dolorosas. Foi essa luta que me fez sair mais de casa, do meu canto, a casa da minha avó, numa fazenda.
Foi nessas saídas que me fui apercebendo das diferenças, que havia coisas que tinham mudado, demasiado pequena para perceber a sua importância.
Foi nessa altura que se deixou de bichanar lá em casa, que eu não era mandada falar mais baixo constantemente (e, quem me conhece sabe que tenho um tom de voz que se ouve em todo o lado mesmo a falar normalmente) e podia ir brincar à vontade pelos pinhais circundantes.
A imagem do menino a colocar o cravo no cano da espingarda guardo-a na memória há imensos anos, nem sei onde a vi e a música “Grândola, vila morena” leva-me imediatamente a pensar no 25 de Abril, a única revolução no mundo inteiro que teve a particularidade de começar com uma canção, foi esse o sinal para avançar.
Assisti(o) à luta dos habitantes de Hong Kong pelo direito ao sufrágio universal e não compreendo a taxa de abstenção que se verifica em Portugal. Um direito (entre tantos) adquiridos com o 25 de Abril, mas que me parece que as pessoas percebem cada vez menos.
Vejo a censura na China e dou imenso valor à liberdade de expressão que temos em Portugal (ok, a censura escondida também existe, mas é muito diferente do que existe na China).
Gostava de ter a capacidade de fazer com que os meus filhos dessem o devido valor à revolução dos cravos, mas sei que estou sozinha nessa luta que o próprio pai, chinês, não percebe...
Gostava que um dia os meus filhotes percebessem a importância deste dia, do “meu” 25 de Abril, mas se eles continuarem por aqui quer-me parecer que será sempre mais um feriado que há em Portugal mas que não há em Macau (longe vão os tempos em que também era feriado aqui...)
Era pequena no 25 de Abril, ainda não tinha 4 anos e vivia longe das grandes cidades, no campo.
As imagens que tenho deste dia são ténues e confusas e nem tenho a certeza se são memórias minhas.
Há imagens que não tenho a certeza de ter visto, de ter vivido.
Há imagens que penso serem verdadeiras, outras que penso ser ilusão, sugestão.
Há coisas que ouvimos tantas vezes com descrições tão pormenorizadas que as começamos a imaginar e até parece que são nossas, que as vivemos mesmo.
Demasiado pequena no 25 de Abril, no fim de um processo complicado de luta pelo poder paternal entre o meu pai e a minha mãe, e já com tantas recordações mais ou menos dolorosas. Foi essa luta que me fez sair mais de casa, do meu canto, a casa da minha avó, numa fazenda.
Foi nessas saídas que me fui apercebendo das diferenças, que havia coisas que tinham mudado, demasiado pequena para perceber a sua importância.
Foi nessa altura que se deixou de bichanar lá em casa, que eu não era mandada falar mais baixo constantemente (e, quem me conhece sabe que tenho um tom de voz que se ouve em todo o lado mesmo a falar normalmente) e podia ir brincar à vontade pelos pinhais circundantes.
A imagem do menino a colocar o cravo no cano da espingarda guardo-a na memória há imensos anos, nem sei onde a vi e a música “Grândola, vila morena” leva-me imediatamente a pensar no 25 de Abril, a única revolução no mundo inteiro que teve a particularidade de começar com uma canção, foi esse o sinal para avançar.
Assisti(o) à luta dos habitantes de Hong Kong pelo direito ao sufrágio universal e não compreendo a taxa de abstenção que se verifica em Portugal. Um direito (entre tantos) adquiridos com o 25 de Abril, mas que me parece que as pessoas percebem cada vez menos.
Vejo a censura na China e dou imenso valor à liberdade de expressão que temos em Portugal (ok, a censura escondida também existe, mas é muito diferente do que existe na China).
Gostava de ter a capacidade de fazer com que os meus filhos dessem o devido valor à revolução dos cravos, mas sei que estou sozinha nessa luta que o próprio pai, chinês, não percebe...
7 comments:
Sempre, amiga... sempre! :)
Um dia hás de conseguir fazê-los entender porque isso é tão importante para ti. Com amor fazem-se passar as mensagens mais importantes da vida, e amor não te falta para teres a capacidade de as transmitir :-)
Ando ausente, mas sp com um olhinho e o coração na blogosfera. Vocês conquistaram-me e pronto.
Um beijo pra ti
Não vivi o 25 de Abril, mas sempre ouvi as histórias.
Espero que os teus filhotes consigam compreender tão bem o 25 de Abril, como eu o compreendo, eu e muitos filhos de Abril.
Beijinho grande para ti e para os teus meninos
Nesta data estava na barriga da minha mãe!
Mas compreendo td o significado deste dia e a sua importância nos dias de hj.
Em relação à luta pelo direito de voto e ao facto de haver uma abstenção tão gd em Portugal, eu acho q isso se explica por sermos um país com demasiada corrupção, onde é cada um por si e mais nada, então consideramos maioritariamente que quem integra o governo quer "é tacho!", e para isso tanto faz lá estar fulano, como beltrano, pois tds metem "ao bolso".
Eu sempre tenho ido votar, mesmo q seja em branco, mas por exemplo o meu marido não vota, diz q se recusa a perder tempo com quem não faz nada pelo país!
Um dia os teus (e o meu) filhos compreenderão com certeza o significado deste dia!
Joquinhas gds
Nesse dia eu ainda estava na barriga da minha mãe, mas gostava tanto que os meus filhos percebem e dessem o devido valor a este dia....
Beijo
As gerações nascidas em liberdade têm que ter consciência da importância do 25 de Abril. Transmitir aos nossos filhos o antes e o depois...
Bjos
Cristina
Lembro-me mais do que aconteceu depois (tinha 5 anos na altura) do que no próprio dia.
Também quero passar essa mensagem para os meus filhos - espero conseguir.
Beijo grande
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