Thursday, July 05, 2007

ÀS VEZES…

Às vezes há momentos na vida em que gostávamos de ter feito mais por aqueles de quem gostamos, momentos em que gostávamos de mudar tantas coisas, momentos em que dá vontade de deixar este lado do mundo e passar para o nosso cantinho à beira mar plantado, enquanto há tempo, um tempo que sinto escorrer cada vez mais rápido por entre os dedos e que tenho medo que não me deixe dizer adeus, um adeus que não se pode dizer por telefone, porque ninguém quer falar do que é evidente, porque ela está à minha, à nossa espera e eu sinto-o e todos o sentimos, quem está perto e quem está longe.

Dói e é preciso mentalizarmo-nos que vai acontecer e tenho a certeza que a barrinha que faz a contagem decrescente para as minhas férias (faltam 3 semanas...) faz ao mesmo tempo a contagem decrescente de uma vida, uma vida que eu podia ter tornado mais feliz, mas que estou em Macau, longe dela, porque assim o escolhi e, se na altura me pareceu a melhor opção, hoje tenho dúvidas, muitas dúvidas...

E, porque a vida é tão ingrata e até no fim tem de ser madrasta, e além de estar a perder as capacidades físicas, como deixar de andar e até de falar, também as capacidades mentais se estão a deteriorar demasiado rapidamente, levando-a a não reconhecer as pessoas da família como o próprio filho e falando apenas de nós, num desespero de lutar com as poucas forças que lhe restam para não nos esquecer e se conseguir despedir... porque a nossa chegada se aproxima e a sua partida também... e espero conseguir dar-lhe um último abraço e um último beijo... e deixar que veja os bisnetos que tanto adora, que tanta pena tem de não ver crescer...

E, porque nunca me vou conseguir mentalizar que é a lei da vida e que dói mais do que tinha pensado...
E porque ainda não aconteceu e já me sinto vazia... e porque queria tanto, tanto estar errada...

Adenda: Obrigada pelos miminhos, o boneco está a melhorar.
A minha avó desde ontem que está internada num lar, noite e dia.

33 comments:

MMCS said...

Que palavras tão sentidas...tocaram no meu coração!
Beijo!

Anonymous said...

Queria deixar-te uma palavra de conforto... É difícil. Não te castigues tanto, até porque se há alguém que não tem razão para isso és tu. As opções que tomamos em cada momento são as melhores para aquele momento. Não somos Deus. Fazemos o nosso melhor, mas o mundo gira independentemente disso.
Um abraço forte.

Cool Mum said...

Um abraço forte, forte até aí tão longe...

Cristina said...

Muita força neste momento!

Bjos

Cristina

Flores said...

um beijinho gde

Mae Frenética said...

Um beijinho mto grande...

Não desistir said...

Gostava de te dar um abraço e um beijinho grande, e gostava que estivesses errada tambem....

Piquinota said...

:(
Um abraço enorme!

Jinhos

Raquel Alabaça said...

Tive que chorar, porque me comove tanto as tuas palavras que consigo sentir a tua dor.

Estás longe, agarra-te aos teus amores eles darte-ão força.

Beijos abraçados.

tixa said...

Minha querida entendo a tua dor, só espero que a saúde da tua avó não se deteriore mais até à vossa chegada. Muita força.
Um bj enorme

Natércia Charruadas said...

Um beijo muito, muito apertadinho.

Mãe Gabi said...

amiga...conto os dias também para ir ver a minha avó...que desde janeiro esta num lar...faltam menos de 15 dias, apesar de ja la ter ido 2 vezes...a ultima vez nao estava bem...mudamos de lar, porque o outro estava ja a ser muito suspeito e na verdade é que ela recuperou maravilhosamente bem segundo a minha tia.
eu conto os dias para la ir e ver com os meus olhos!
as melhoras do boneco e um beijoca enorme para ti!

Tita Dom said...

Essa tua angustia faz-me ficar triste...
Vai ao meu cantinho e coloca um sorriso nessa face com a supresa que lá tenho.

Diana Bento said...

Um beijo grande e um abraço forte. Vais chegar a tempo.

Mamuska said...

´Vais conseguir chegar a tempo de dar um beijo a tua avó...
Beijo grande

Anonymous said...

Minha querida, nem sei bem o que te dizer. Queria dizer que estás enganada, queria dizer-te algo que te confortasse.
Deixo-te um beijo enorme cheio de força!

Mãe da Rita said...

Um abraço grande , as avós ficam sempre connosco.

Unknown said...

Não sei que te dizer... só que apesar da distância estou (estamos) aqui para ti.
Um grande beijinho

Isabel said...

nada que te possa dizer pode amenizar o que sentes...
deixo-te um abraço e um ombro que ainda que virtual está sempre à tua disposição.

Charilas said...

Eu também desejo, do fundo do coração, que estejas errada...

Mas olha, não te sintas culpada, por nada...A prova de que fizeste o que podias e do alento que deste e continuas a dar à sua vida é o que acabas de descrever: O facto de ela se lembrar de ti de vós, de falar em vós quando o resto se deturpa um pouco na sua mente. Deves ser o orgulho da tua avó, a sua continuação, como eu também era (sou) da minha Papoila...

Um grande beijinho e um abraço muito apertado.

Sandra

Carla O. said...

Oh minha querida... gostava muito de te poder consolar - mas não há consolo possível, não é?
Tomaste as decisões de vida que tinhas que tomar - seguiste o teu caminho.
Mas acho que consigo entender o que sentes. Eu não consegui despedir-me da minha avó (cuja deterioração tb foi bastante rapida).
Um abraço e um beijo grande, com muita força e carinho.

sandra said...

sandra, há algum tempo que não vinha ao blog e deparo-me logo com este post..nem sei o que te diga para que te sintas melhor....a vida tem destas coisas...

um abraço muito muito apertadinho para ti

sandra (Tiago e diogo)

Anna72 said...

São momentos complicados e delicados :(

Espero que consigas reunir forças para os enfrentar.

Beijocas.

carla said...

Minha querida sei o que sofres, com a diferença que eu nao estou longe....tb fui criada pela minha avó que está acamada h´1 mês, que me diz que quer partir, que me pediu para ver os meus filhos e o meu marido....mas tenho esperanças que a minha ainda se aguente mais uns tempos....

Um beijinho grande, grande!!!

Anonymous said...

Amiga, infelizmente não encontro palavras que te possam dar algum conforto neste momento... Apenas te posso dizer que não percas as forças! Força!! Um abraço amigo
Ângela Santos
P.S.: Espero que este ano nos encontremos! Não vou de férias para lado nenhum, por isso espero que digas qq coisas qd chegares a Portugal.
Beijocas

NaRiZiNHo said...

Não é fácil.
Só tempo te poderá ajudar.
Por cá já lá vai 1 ano e a saudade por vezes é dificil de suportar.
:-*

Marta said...

Ai que dor, Sandrinha!
Que difícil deve ser!
Mas não te ponhas em causa nem às tuas decisões.
A vida é o que é e tudo trás coisas boas e más. Não te martirizes.

Beijinhos do tamanho do mundo especialmente para ti.

margarida said...

:((

bjinhos

A Tendinha said...

Eu sei, eu sei exactamente do que falas. :(
Beijo grande...

Raio de Sol said...

minha querida...como te compreendo... infelizmente é a lei da vida, não podemos voltar a tás, arasar o inevitável... apenas podemos aproveitar cada dia que estamos com eles o melhor possível, ainda que seja por teleone, por mail, por carta, ainda que seja em pensamento, em recordações, em saudades...

beijo grande e muita força

Amélia do Benjamim said...

Querida Sandra, não sei bem o que te dizer, quanto a este post e ao de cima. Fui voluntária num asilo de idosos durante 10 anos, visitava-os todos as semanas, mais que aos meus avós, e vi muita coisa, percebi como num mês de pode conhecer alguém, sentar na cama, perceber que se não tem absolutamente ninguém, nem em pensamento e vontade como tu, e responder à questão: sim, quero ser dua 'netinha', para depois ir descansada. Senti-me triste, muito triste, muita tristeza. Não penses que por estares longe ela se sente só. abandono é ir embora e não dizer quando se volta. Não é o teu caso. O meu avô morreu num hospital, fui a última pessoa a vê-lo, estava melhor e a minha mãe não contava com o seu desaparecimento. Nunca ninguém está preparado para os momentos e dias seguintes... fui tão traquinas com o meu avô... mas parece que ainda hoje o vejo a rir-se dessa traquinice...
Um beijo

said...

Sei bem do que falas, e doi muito ve-los partir, ainda que cheguem a um estado de sofrimento em que é o melhor.
Perdi o meu Avô ha oito meses e não há dia que não me lembre dele, do encanto que tinha com a bisneta.
Se Deus quizer a tua Avó ha-de ter forças para te esperar, para que lhe possas dar esse abraço tão sentido, para que possas aliviar essa sensação de culpa. também sentia isso quando o meu Avõ estava nos ultimos dias, que devia ter feito mais, que devia ter dado mais...
Um forte abraço

Mamã artesã said...

Sei do que falas, querida.
Já por 2 vezes esperei pela partida de pessoas queridas e doeu. Doeu imenso. Ainda hoje dói. Mas sabemos que todos iremos para o mesmo sítio e que é mesmo inevitável mas temos sempre aquela sensação de que, quem nos é querido, é imortal.
Não me imagino sem os meus avós. Ela já tem 84 e ele 82. Mas sei que, mais dia, menos dia, teria aquela notícia que ninguém quer ouvir.
Força, querida.
Vais ver que ainda lhe conseguirás dar aquele beijo e aquele abraço que tanto queres dar e que ela deve esperar ansiosamente.
Joquinhas gandes
Sofia