O meu boneco tem tudo o que é esquisito.
Desde que nasceu que parece que tudo lhe acontece em termos de doenças, felizmente sempre sem ser nada de grave, mas para mãe pela primeira vez foi dose.
Devo dizer que foi tal a dose que me habituei e hoje sou muito mais despreocupada com as doenças, digamos que simples, tipo constipações e assim.
Em Outubro do ano passado ele tinha uma pinta preta na planta do pé, parecia um pico, mas quando mexia e lhe perguntava se doía ele sempre dizia que não. Fui deixando passar a pensar que era um pico e que se fosse provavelmente ia fazer uma bolha de pus e depois o pico sairia.
Com o passar do tempo passou a ter uma crosta amarelada à volta do tal “pico”, parecia um calo pois estava duro e meio opaco, uma verruga espalmada... Como ele continuou a dizer que não doía, continuei a não ligar muito e a pensar que teria de mostrar aquilo ao médico numa consulta de rotina.
No final de Janeiro fomos de férias à Tailândia e ele passou muito tempo na piscina e aquela “coisa” tornou-se macia. Praticamente passava o dia com o pé molhado e só à noite é que secava.
Quando regressámos, no início de Fevereiro, ele disse que o pé estava “esquisito” e o pai disse-me que a “coisa” estava toda aberta, parecia ferida.
Quando fui ver e olhei para aquilo nem sei o que pensei que fosse e assustou-me ver um círculo de cerca de 1.5 cm, todo aberto com pareciam fios de pele soltos uns dos outros, lado a lado. Faziam lembrar os pelos de uma alcatifa, todos espetados, um porco-espinho, nem sei… de cor amarelada.
Confesso que me apetecia pegar nele e levá-lo ao hospital, mas era de noite, ele continuava a dizer que não doía e aquilo já se vinha a desenvolver há tanto tempo que decidi esperar, até porque no dia seguinte ia marcar uma consulta para ele no Centro de Saúde para ter o tal atestado para a natação.
Mas não fiquei descansada com o que tinha visto, antes pelo contrário e resolvi ir para a Internet tentar perceber o que era aquilo que inicialmente me parecia uma verruga espalmada.
Primeiro procurei fotografias para tentar ver se o que eu pensava inicialmente tratar-se de uma verruga era ou não uma verruga e descobri que há imensos casos em crianças de verrugas plantares (na planta do pé). Vi também fotos da evolução da verruga plantar, desde o seu aparecimento até que piora e ao ver as fotos estava a ver o pé do meu boneco… (tinha pensado por aqui as fotos, mas são tão horríveis que quem quiser que vá ao Google pesquisar)
Depois de ver as fotos decidi tentar perceber que tipos de tratamentos se faziam para a verruga plantar e fiquei bastante impressionada com alguns deles que incluíam congelar a verruga para a remover com uma pequena cirurgia. Outras queimar com um ácido que acaba por queimar também a pele à volta da verruga.
Quanto mais lia sobre o assunto mais preocupada ficava com o que os médico aqui em Macau me iam dar para por no pé do meu filho pois eu não o queria traumatizar com uma coisa que parecia inicialmente simples
Continuei a procurar e a ler várias coisas, até que descobri que a verruga plantar também é conhecida como “olho de peixe” (pelo menos no Brasil) e foi através de tentar encontrar a melhor maneira de tratar que vi primeiro num site em inglês que se podia
tratar as verrugas em casa com fita cola e depois li o
testemunho de uma mãe que tinha tratado a filha ao mesmo mal com fita cola e vinagre de cidra (apple cider vinegar) .
Ao ler sobre estes tratamentos caseiros recordei-me que a minha vizinha de infância tinha imensos cravos (verrugas) e que as tratava com o leite do figo, aquele líquido branco que parece leite que escorre sempre que se corta a folha da figueira. Não me recordo, contudo se funcionava ou não…
Bem, mas decidi que não havia de fazer mal em experimentar e nesse dia fui procurar o famoso vinagre de cidra, que encontrei apenas no dia seguinte, sábado
7 de fevereiro. Foi nesse sábado que todas as noites durante 1 mês coloquei uma gaze embebida em vinagre de cidra em cima da verruga e depois a selava com adesivo.
Ora, no primeiro dia usamos fita cola grossa, mas colar fita cola à pele é tarefa quase impossível e aquilo não adere pelo que no dia seguinte fui à farmácia e comprei uns adesivos plásticos impermeáveis que parecem película aderente e que não deixam entrar água nem ar e que seguram muito melhor a gaze.
No primeiro dia de tratamento o meu boneco achou imensa piada a por vinagre no “dói dói”, que ele disse sempre que não doía…. No primeiro dia, tendo em conta que “aquilo” estava tão aberto e com tão mau aspecto tive medo que o vinagre ardesse e ele depois se recusasse a fazer o tratamento e pus muito pouco. Coloquei umas meias e ele dormiu assim.
Devo confessar que no dia seguinte ao tirar o penso não vi grande diferença, mas resolvi não desistir e continuamos todas as noites a fazer o “tratamento”. Ao fim do terceiro dia a “coisa” começou a ter um aspecto mais seco e a escurecer. Quando começou a secar coloquei a gaze com um pouco mais de vinagre, mas convém não exagerar senão o adesivo não cola.
Cerca de
uma semana de tratamento e estava com a verruga seca e escura.
Ao fim de
duas semanas estava preta e seca e a pele começou a levantar ligeiramente de lado.
Com muito cuidado tentei levantar mais, mas inicialmente ofereceu resistência e não mexi, continuei com o tratamento. Ao fim de mais um ou dois dias caiu uma primeira camada de pele, a preta e ficou ainda uma pele dura e amarelada, sobre a qual continuei a aplicar o vinagre de cidra todas as noites. Entretanto foram caindo mais “camadas de pele” e continuei o tratamento exactamente durante um mês. Paramos no passado dia
6 de Março e o meu boneco pede para continuar a fazer mesmo agora que só tem um pouco de pele mais amarelada devido ao vinagre.
Agora estamos parados a ver o que acontece, mas a pele do pé está normal, embora um pouco acastanhada em toda a zona onde o vinagre de cidra ficava em contacto com a pele. Ao colocar o vinagre de cidra um pouco para além da verruga inicial acabamos por descobrir mais duas verrugas minúsculas que nunca passaram de um ponto preto e que com o tratamento do vinagre acabaram por cair. Ele nunca se queixou que o vinagre ardesse e o incomodasse. Fizemos o tratamento sempre à noite para evitar que andasse lá a mexer e punha umas meias para o adesivo impermeável ficar mais estável. A pele à volta tem tendência a ficar com mau aspecto.
A verruga plantar assustou-me e eu decidi arriscar este tratamento caseiro ou mesinha ou o que lhe quiserem chamar que não foi traumatizante para o meu filhote e que funcionou (devo dizer que o marido também tinha verrugas no dedo e fez o mesmo tratamento que o filhote e funcionou).
Não sou médica nem tenho nenhuns conhecimentos de medicina mas para mim valeu a pena e daí este longo post a contar a nossa história para que possa quem sabe ser útil a alguém.