Sou muito mãe galinha, muito galinha mesmo e tenho imensa pena de não poder estar mais tempo com os meus “pintos”.
Assim, todos os dias quando chegam da escola telefonam-me a dizer que já estão em casa e eu fico mais descansada, sei que chegaram bem, que o autocarro não teve nenhum acidente, nem furou nenhum pneu (já aconteceu uma vez e fui a única a telefonar para a escola para saber o que tinha acontecido), nem nada do género.
Hoje foi diferente.
A amorinha telefonou e eu achei estranho porque o mano costuma falar comigo primeiro e só depois passar o telefone à mana. Mas não dando importância, embora meio desconfiada comecei a falar com ela que me diz na sua voz inocente:
“- Mamã, o mano hoje não estava na escola.”
“- O quê, amor?”
“- O mano não estava no autocarro, não estava na escola.”
Entretanto a empregada pega no telefone para me explicar que o motorista do autocarro disse que alguém o apanhou na escola e o meu coração ficou apertado, mas acabei de falar com a mana e a seguir telefonei à mãe de um amigo que mora no prédio em frente do nosso e com quem ele tinha combinado ir brincar pois podia ter-lhe dado na cabeça ir com eles, embora eu não acreditasse muito nessa hipótese. Ele não estava lá e ela até achou estranho eu estar-lhe a fazer tal pergunta.
Telefonei ao pai para lhe comunicar que o boneco não tinha vindo no autocarro e que alguém o tinha apanhado na escola, segundo o motorista do autocarro. Ele também perguntou se ele não tinha ido para casa do tal amigo.
Telefonar para a escola, informar a professora que foi à procura e depois de alguns minutos telefonou a professora, já com ele ao lado dela e ele explicou que pensava que nós o íamos buscar à escola pois hoje é dia de reunião com as professoras.
O pai foi buscá-lo à escola e explicou-lhe que nós trabalhamos e por isso só vamos à reunião à noite (são reuniões individuais de 15 minutos com os pais de cada aluno e marca-se hora com antecedência) e que ele não podia ficar lá à espera, além de que não lhe tínhamos dito que o íamos buscar, o que sempre fazemos quando o vamos buscar. Ele ficou lá a brincar com os colegas cujos pais foram à reunião e, segundo o pai, aquilo está tão cheio de gente que ele nem notou que já era tarde e ninguém o ia buscar.
Ao chegar a casa telefonou-me a dizer a mesma coisa, que pensava que o íamos buscar e voltei a explicar o que o pai já tinha explicado.
Apanhei um pequeno susto (pequeno porque em Macau não é costume raptar crianças, e porque aquela escola tem acesso muito limitado), mas ainda sinto um friozinho no estômago.
ENCERRADO | CLOSED
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7 years ago