Na quarta-feira foi feriado do
Bolo Lunar.
O Boneco teve escola, a Amorinha não teve creche.
Em Macau os feriados não são para todos.
Depende se a escola é católica, chinesa, portuguesa ou estrangeira.
Depois do papá levar o Boneco à escola, fomos com a Amorinha ao Jardim e ela brincou imenso, feliz da vida por ter o papá e a mamã só para ela.
Depois, face ao facto da mamã ter de encarar a necessidade de se deslocar a Portugal sozinha decidiu vencer um dos seus grandes medos: conduzir!
Com carta há 14 anos sempre tive pânico de conduzir e ficava tão nervosa que nem conduzia em condições, aliás nem se pode dizer que conduzia. Depois habituei-me a ser conduzida...
Em Portugal, é necessário conduzir.
Tenho de encarar o facto que a minha avó está presa à vida pelas máquinas, é a Lei da Vida... e eu tenho de ir a Portugal sozinha e ninguém me conduzirá, eu preciso de o fazer.
A necessidade faz a habilidade e eu já conduzi mais desde quarta-feira do que nestes 14 anos. E até me dou ao “luxo” de “discutir” a minha “linha” (aqui adoram cortar linhas, principalmente nas rotundas, dá muito trabalho rodar o volante).
E, por incrível que pareça não fico nervosa. Claro que ainda me falta prática, que o carro vai abaixo de vez em quando, que ainda tenho dificuldade em segurar bem o volante só com uma mão enquanto ponho as mudanças e que para estacionar é preciso escolher muito bem o lugar... mas com o tempo vou lá. E já não me assusta conduzir em Portugal...
E ontem recebo um telefonema a dizer que piorou, que já não reage a nada, no dia anterior já não conseguia abanar a cabeça, mas ainda conseguia apertar a mão para comunicar com a minha mãe.
Ontem gravei a voz do Boneco e da Amorinha para ela ouvir e depois pus no telefone que a minha mãe lhe encostou ao ouvido. Não dava para ser com eles a falar que a minha mãe só lá vai depois do trabalho e aqui são duas da manhã.
Mas ela não reagiu, nada, nada...
Nem chorou...