(Post longo para eu me lembrar. Podem saltar, desejo a todos um bom fim de semana!)
Hora de deitar, começa o espectáculo.
O mano tem de ir ao mesmo tempo que ela senão nada feito, não vai, recusa-se a ir.
Do ritual faz parte o leitinho.
Primeiro para ele bem quente
Depois para ela morno, quase frio senão vem a reclamação num tom ligeiramente elevado “quenque!”
O mano deita-se na cama dele a beber o leitinho
Ainda com a “roupa de trazer por casa” e de fraldinha de pano na mão, a companheira de todas as noites, SEMPRE.
Ela brinca no quarto do mano, por vezes com o biberão de leite debaixo do braço, outras pousa-o na mesa do mano.
A seguir ao leitinho, o boneco escolhe o livro que vamos ler e a mana vai também “escolher” (leia-se desarrumar) um livro, ou dois, ou três...
Acabada a história é tempo de xixi, lavar dentinhos e deitar.
Luz de presença ligada (indispensável!), boneco na cama, dou-lhe um beijinho e faço-lhe umas cócegas.
Sussuro-lhe ao ouvido: “Amo-te muito”
“Amo-te mais, e mais, e mais!” é o que obtenho de resposta já com a mana a puxar-me por um braço.
O papá fica a fazer festinhas nas costas do boneco, que ele adora, eu vou mudar a fralda à mana.
Enquanto mudo a fralda digo-lhe para tirar as meias (daquelas com bolinhas de plástico na sola anti derrapantes), dou-lhe beijinhos nos pés. Ela ri-se. Às vezes vai bebendo o leite, outras dá-me “põe!!!”, para por na mesa de cabeceira.
Ponho-lhe o pijama, ela pega na fralda suja e vai por no lixo da casa de banho do meu quarto. Depois vai ligar a luz de presença e o intercomunicador.
Pede-me colo para desligar a luz do tecto, de seguida apanha a fraldinha de pano que está na cama dela.
Sento-me na minha cama e dou-lhe o leitinho, eu seguro o biberão, ela não o quer segurar, ela segura os cantos da fralda de pano e às vezes o Noddy “que ri” que dorme com ela.
Depois do leitinho sento-a no meu colo e faço-lhe festinhas nas costas para que arrote. Nem sempre resulta e ultimamente nem quer...
Depois tenho de começar a convencê-la que está na hora de ir para a cama dela...
Hora de começar o espectáculo...
Choraminga e abraça-se mais a mim, num miminho que adoro mas continuo a conversar com ela que tem de fazer ó-ó na cama dela que eu preciso de arrumar as coisas, ou que fico ali na minha cama até ela adormecer, mas o chorinho continua num ahn ahn baixinho a fazer caretas, mas sem lágrimas, apenas uma lamúria... Mais um abraço um “I love you” e um “Ai vov iu” com um sorriso, um tapar-me a cara com a fraldinha de pano numa tentativa que brinque com ela (e aqui eu vejo quanto o meu tempo com ela, com eles é pouco). Às vezes brinco, outras digo que já ;e tarde e precisa dormir. O resultado é o mesmo: quando a vou colocar na cama levanta-se num salto, choraminga, pede “cóuinho” que às vezes tem, outras não, depende da hora.
Mais um beijinho na testa enquanto lhe digo que gosto muito dela, mas são horas de dormir e a mamã precisa de arrumar as coisas, lavar o biberão dela. Olha-me e lamuria-se, diz “xucho” apontando o biberão. Isto acontece entre as 21:00 e as 21:20.
Saio do quarto e ela choraminga, depois cala-se. Ao fim de uns 5 minutos (afinal já deu tempo de lavar o biberão, não?!) começa a chamar: “mámy!”, primeiro baixinho, depois começa a subir o tom e se não chego lá em menos de 5 minutos está a gritar a plenos pulmões. O mano dorme, cansado da brincadeira.
Vou lá e ralho com ela, “Ai, ai, ai, não faz barulho, o mano está a fazer ó-ó!”. Cala-se enquanto falo, olha-me e sorri (vitoriosa?). Mal acabo de falar e ela grita “Mano, sonho (sono)!”. Faço “shiu” e ela choraminga.
Está de pé agarrada às grades e salta, pisa o Noddy que ou toca como se fosse um telefone, ou ri umas gargalhadas que acho ridículas (Ah, ahah, ahahah) mas que ela adora. Digo-lhe para se deitar e começo a preparar a roupa dela para o dia seguinte (e muitas vezes a minha). Ela deita-se a choramingar e pede “cóuinho”. Se lhe dou “cóuinho” ela enrosca-se a mim e fica quieta uns dois minutos (tanto?), depois começam as lições de anatomia “oio”enquanto me espeta o indicador no olho, “trimm, naniz” e carrega-me o nariz, “bôca” e enfia-me o dedo na boca para me tocar no “denti” e não pára de dizer “línga” até que lhe mostre a língua.
Depois bate na “tonta” (cabeça) dela e na minha de seguida, e fala no “belo” (cabelo) e procura o “ancho” enquanto lhe digo que para dormir não pode ter ganchos. Sorri e enfia-me o dedo nos ouvidos dizendo “lholhelhas” (orelhas).
Começo a ficar cansada e dou-lhe um beijinho na testa enquanto lhe digo “faz ó-ó, a mamã põe a menina na cama da menina para fazer ó-ó”. Acaba-se a boa disposição e lamuria-se. Pede “cóuinho” mas não volto mais atrás, muitas vezes consegue o primeiro colo porque tenho medo que vomite se a deixar chorar e se ela é perita em provocar o vómito!
Como não cedo começa a gritar, a fingir que chora. Digo que preciso ir “lá fora” (entenda-se fora do quarto) e ela lamuria-se ainda mais alto. Estou cansada e sem paciência e prefiro deixá-la. Ao fim de uns minutos ouço-a a cantar em altos berros e não percebo como o mano consegue dormir. Canta, bate palmas, grita “mámy!!!” e salta. Tenho vontade de “atirá-la pela janela” e vou lá ralhar com ela. Só penso “se o mano acorda...”
Digo-lhe para se deitar, ela continua de pé, apenas parou de saltar, a cama parece que foi atingida por um tornado. Ajeito a cama, enquanto ela me olha, volto a mandá-la deitar. Ela não parece ter muita vontade de o fazer. Parto para a chantagem e digo-lhe que vou “para fora”, ela grita “Não!” e eu digo “então a menina deita-se e a mamã fica”. Ela deita-se e eu fico na minha cama a tentar ler alguma coisa com a fraca luz de presença.
Começa a falar e depois a cantar. Ralho com ela, que me vou embora e levo o Noddy. “não!!!”, cala-se dois minutos, ouço-a às voltas na cama mas não olho para que não ache que quero brincadeira. “Ai, ai, ai” resmunga ela e eu sei que atirou a toalha dela para o chão. Apanho a toalha, ajeito a roupa da cama enquanto os seus olhos bem abertos me olham desafiadores, parece-me. Canta, mais uma vez a ameaça que vou embora...
De repente cala-se e ouço a respiração mais pesada, penso que está quase a adormecer, mas um minuto depois está a gritar “pápel!!!”, dou-lhe um lenço de papel para limpar o nariz, sem lhe dizer nada. Ela limpa o nariz e esfrega os olhos. O sono ameaça vencê-la...Volto a deitar-me. Ela continua às voltas, por vezes diz algo num tom que já não percebo. Mais de uma hora e meia(!!!) depois é finalmente vencida.
E eu estou tão irritada que me passou o sono e o cansaço!