Wednesday, May 30, 2012

MORTE


Não me assusta a morte.
Obviamente, não gostava de morrer cedo, acho que ninguém gosta.
Mas assusta-me o sofrimento, assusta-me pensar que posso sofrer e fazer sofrer os que me são mais queridos.
Assusta-me pensar que, de repente posso morrer, pois para morrer basta estar vivo, já o dizia a minha avó.

Assusta-me que a minha filha e o meu filho fiquem sem mãe. Sei que o pai tomaria conta deles e que nada lhes faltaria, mas sei que o pai não tem tanta paciência e que sou eu que costumo acalmar os ânimos entre pai e filhos.

Já falei muito com a amorinha e ela já está mais acostumada com a ideia que um dia vou morrer e já me disse que vai falar sempre comigo, mesmo sabendo que eu não lhe respondo, mas sabe que a oiço. E vai abraçar-se a ela mesma para sentir o meu abraço. E sabe que a amarei para todo o sempre.
É uma querida e eu gostava de estar presente na vida dela durante muito tempo para a acarinhar e encaminhar.
Sei que se dará bem com o pai pois ela é mais cooperante e ouve as coisas e aceita-as bem.

O meu boneco não fala muito no assunto, é menos preocupado com essas coisas, mas também sabe que o amarei sempre.
Também gostava de estar presente na vida dele e sei que ele precisa muito de mim pois o pai não tem paciência para ele pois ele refila muito e acha que sabe tudo e que tem razão e é preciso muita calma para falar com ele e para ele ver que muitas vezes nos enganamos e é preciso aprender e, mesmo errando também se aprende, mas é preciso admitir que estamos errados e, quando é caso disso, pedir desculpa. Mas ele fala pouco e guarda tudo para ele e é preciso arrancar-lhe as coisas a saca rolhas e mesmo assim só saem a conta gotas. E eu sei que o pai não tem paciência nenhuma. E o meu menino que chora facilmente e que precisa que eu lá falar com ele para perceber o que se passa ia sofrer muito se ficasse sem mim.
Mas, a vida é bela e eu espero estar por cá muito tempo.
E está tudo bem, isto são apenas pensamentos meus que quero registar…

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