As noites são más, sempre o foram.
Lembro-me que do meu boneco se devem contar pelos dedos das mãos as vezes que dormi uma noite inteira até ele fazer 2 anos, e tenho a sensação que os dedos de uma mão chegam...
A amorinha é igual. Com os seus 18 meses talvez tenha dormido uma noite completa, digo talvez porque não me lembro e garanto que não sou exigente pois para mim se dormir umas 6-7 horas já é uma grande noite e já me dou por muito satisfeita, além de achar que passei uma noite descansada.
Ultimamente ela não ficava satisfeita com a mama e foi essa a razão de aos poucos a ter desmamado. Ela sempre mamou de 2 em 2 horas, quer de noite quer de dia, mas depois adormecia, aliás quase que nem acordava porque eu dava-lhe logo mama e punha-a na cama. Ultimamente os intervalos de 2 horas foram diminuindo até que começou a acordar de meia em meia hora a refilar e eu (e ela!) não dormia nada. De manhã eu estava cansada e ela rabugenta (e eu!), o meu trabalho não rendia e na creche ela andava a cair de sono. Por isso a minha insistência com o biberão com outro leite que não o meu. No início só ao adormecer e ela já dormia um período maior, depois as duas vezes que acordava de noite dava-lhe mama. Mas ela começou a achar que mama era óptimo para fazer de chucha e estar ao colo e vai daí vamos lá acordar muitas vezes!
Agora é o mimo. E eu gosto tanto de lhe dar mimo! E acho que passo tão pouco tempo com eles. Mas à noite também preciso (eu, e ela!) de dormir, de descansar. Já ela acha que não é bem assim.
Ora, o nosso ritual para adormecer é depois do meu jantar ela pede o seu “titinho” (leitinho), o que acontece por volta das 20:30 - 21:00. Vamos para o quarto, mudo-lhe a fralda, visto-lhe o pijama e ligo a luz de presença (que a rapariga é muito medricas e tem um medo do escuro que até faz aflição). Depois bebe o leitinho aninhada no meu colo e com a fraldinha de pano na mão.
A seguir ponho-a no ombro e dou ligeiras palmadinhas nas costas para arrotar porque se não o fizer e ela não arrotar resmunga imenso e fica às voltas na cama (até parece que assim não fica!). Geralmente este processo deixa-a muito molinha e depois de arrotar deixo-a mais um pouco ao meu colo enquanto lhe faço festinhas nas costas e lhe murmuro ao ouvido “I love you” (antes dizia amo-te, mas ela associava a comer e à brincadeira que faço a dizer que a vou comer e faço o som “Am” e ficava toda excitada e em vez de dormir queria era brincar). Obtenho de resposta um “I ló liu” (ou algo semelhante que não consigo reproduzir muito bem o som), dou-lhe um beijinho e digo-lhe a sussurar “Agora vamos para a cama da menina” e ela geralmente resmunga, mas eu acalmo-a dizendo “Não faz mal, a mamã fica com a menina”. E depois de a colocar na cama sento-me no chão, ao lado da cama e enfio a mão entre as grades para lhe fazer festinhas. E, nos dias em que estou mais cansada quase que adormeço assim e é o resmungar dela por ter parado as festinhas que me desperta. Às vezes dá-me a flor que tem música para eu puxar o fio e aquilo ficar a tocar, mas ela gosta mesmo é das festinhas nas costas e na barriga. Este ritual dura cerca de meia hora.
Entretanto o mano está à espera para também ele ir dormir. Às vezes brinca no computador com o papá, outras fica na sala a brincar com o papá e outras em que está mais bem disposto vai para o quarto, bebe o seu leitinho e deixa o papá vestir-lhe o pijama. Há dias em que tenho de ser eu a ler o livro antes de dormir, outros dias tem de ser o papá porque o livro é em chinês e a mamã não sabe. Geralmente quando calha ao papá a vez de ler eu aproveito para preparar o uniforme dele para o dia seguinte.
Depois vou com ele à casa de banho, xixi, lavar dentes e cama. Beijinho do papá, beijinho da mamã e o pedido “quero dormir contigo um bocadinho e depois cócegas” E eu dou-lhe um beijinho enquanto tento caber na cama dele e abraço-o e ele refila e o papá refila que é mau hábito e que depois resmungo com ele...
E depois vem uma sessão de cócegas de uns 5 minutos, interrompidas porque ele grita e eu lhe digo que não pode gritar porque acorda a mana ou porque ele me diz para parar porque me quer explicar como quer as cócegas. Depois despeço-me e digo-lhe “amo-te muito” e ele sempre responde “amo-te mais, amo-te one thousand”, corrijo-o digo que one thousand é mil, ele repete e eu saio do quarto enquanto lhe digo “até amanhã, dorme bem” e obtenho a mesma resposta.
E isto seria o fim da aventura da noite e de os deitar!
Mas geralmente por volta das 23:30 a amorinha começa a refilar e eu vou lá fazer-lhe umas festinhas. Às vezes funciona mais uma hora, outras não e então volta a beber mais um biberão de leite. Com sorte fica por aqui, senão por volta das 5 da manhã bebe outro.
Mas mesmo com sorte, depois de beber o leitinho, ao meu colo tenho de lhe fazer umas festinhas e quando a ponho na cama chora. Antes não chorava, mas agora chora muito e grita. Já experimentei, ao fim de semana e depois de saber que não tem fome, nem a fralda suja, nem lhe dói nada e ela consegue gritar umas 2 horas, até ficar rouca e eu sinto-me a pior mãe do mundo. Agora desisti, puxo a cama de grades que felizmente tem rodas para junto da minha e enfio a minha mão por entre as grades. Ela nem me exige as festinhas, apenas que tenha lá a mão. Assim ela cala-se e acaba por adormecer e depois eu tiro a mão, isto se eu não adormecer primeiro e deixar lá a mão e acordar com uma grande dor no braço e nas costas. Nas últimas noites tem acordado muitas vezes e refila logo, mal vê que não tenho lá a mão.
Estou a tentar que deixe de beber o biberão de leite às 5 da manhã para que o beba às 7:00 – 7:30 quando nos levantamos e quando ela resmunga um bocadinho faço-lhe festinhas e há dias em que resulta, outros nem por isso e lá vai o papá preparar o leitinho. Tenho de reconhecer que já do boneco era o papá que preparava sempre o leitinho. É ele que se levanta da cama e vai até à fria cozinha preparar o leitinho. Eu fico com ela ao colo, a dar miminho porque por mais sono que tenha adoro estes mimos.
Depois do leitinho ela dorme, mas novamente com a minha mão lá.
E as vezes que tem acordado de noite são tantas que lhe perdi a conta e ando cansada e a precisar de dormir. Ela já tem 16 dentes pelo que penso que não terá mais nenhum a nascer (pelo menos não se vê lá nada dos segundos molares), penso que pode ser da excitação das brincadeiras durante o dia, ou pesadelos, mas preciso tanto de dormir que ando a cair de sono. Mas, não trocava as minhas noites pelas de ninguém, só queria que ela dormisse.