Tuesday, October 31, 2006

TEMPO DE QUALIDADE


Tempo
Sempre o tempo
Sempre a falta dele
Sempre a correr de um lado para o outro
E o meu boneco e a amorinha vão crescendo
Vão deixando de ser bebés dependentes para se tornarem crianças cada vez mais independentes.
Ontem, ao deitar a amorinha estava a pensar na falta de tempo para estar com eles
Como ela cresceu em 17 meses
Como ele está um menino
Depois de um fim de semana de 3 dias devia sentir que passei muito tempo com eles, mas não. Sinto que o tempo para aproveitar o seu crescimento não chega, para memorizar todas as proezas, todos os sucessos e novas conquistas, novos sorrisos.
E comecei a pensar no tempo de qualidade de que tanto se fala.
Passar pouco tempo com eles mas tempo de qualidade.
Mas que qualidade pode ter o tempo que passo com eles?
Normalmente de manhã é despachá-los e despachar-me, cerca de uma hora, sempre a correr para dar leite a um, dar leite ao outro, vestir um, vestir o outro, vestir-me a mim e sair de casa. Uma hora de tempo de qualidade???!!!
À noite é chegar a casa, dar banho a um, depois o outro, ou, quando o meu boneco quer, aos dois ao mesmo tempo. Vesti-los, dar jantar a ela, jantarmos, brincar um pouco, talvez meia hora com eles os dois, ir adormecê-la, ficar com ela até adormecer, antes irritava-me se demorava a adormecer, agora não, já passo tão pouco tempo com eles, não quero zangar-me só porque ela não quer dormir... Talvez também sinta falta de estar comigo. Quando ela adormece vou deitá-lo a ele, contar-lhe a história e dar-lhe muitos beijinhos, numa sessão de cócegas que ele tanto gosta, mas nestas horas, talvez 3 ou 4 horas por dia se incluir a manhã tenho a sensação que o tempo de qualidade ou não, não é nenhum, que não me chega...

Monday, October 30, 2006

CULTO DOS ANTEPASSADOS




Imagens daqui


Amanhã é feriado.
É a festa do culto dos antepassados ou Chong Yeong que se realiza no nono dia do nono mês do calendário lunar. O número nove pertence a "yang" e dois "nove" significa duplo "yang". Na antiguidade, as pessoas consideravam que este dia trazia muita sorte. As famílias reúnem-se e sobem ao cume dos montes após terem visitado e rezado junto às sepulturas dos seus antepassados por isso é também chamada Festa da Subida às Alturas e é uma festa muito importante para o calendário chinês.

PATINS

Sábado de manhã fui ali ao outro lado da fronteira, Zhuhai. Que falta de paciência para estar na fila para passar a fronteira, que tempo perdido, que irritação e a fila do lado anda sempre mais do que aquela em que estamos. O pior é que se decidimos mudar, então é aquela em que estávamos inicialmente que anda mais rápido!!!
Bem, mas depois de uma inspecção meticulosa às lojas do subterrâneo (um centro comercial que fica no lado de lá da fronteira e é na cave) sem sucesso e onde até vimos alguns patins de 4 rodas mas demasiado pesados, ou grandes, fomos lá fora respirar um pouco do ar poluído e apanhar calor e no Centro Comercial “Wan Yi”, que mais parece um supermercado lá encontrámos o que nos pareceu ser os melhores patins que vimos. Patins em linha há muitos, mas de quatro rodas é quase procurar agulha em palheiro. Lá comprámos os patins e ainda fui comprando umas roupitas para eles de fugida aqui e ali que o papá não tem paciência nenhuma para compras (mesmo nenhuma!) e ainda uns filmezitos piratas, que eu sei que é crime mas os originais são tão caros...um desses filmes foi o “United 73” (não sei se é assim que se chama em português) que eu vi e fiquei impressionada no bom sentido com o modo como o mesmo está feito. Um belo documentário sobre o que aconteceu no interior do avião até que este se despenhou. Adoro filmes com aviões.
Voltando aos patins, à noite foi para o Hóquei em patins, claro que primeiro tem de aprender a equilibrar-se nos patins, mas ao fim de uma hora a andar (marchar) à volta do campo já se ia equilibrando. Saiu de lá todo contente embora irritado por não conseguir ainda patinar como “os outros meninos” e, como ele é o mais pequeno, aliás o mais novo, lá o convenci que os outros já aprenderam muito tempo e por isso já sabem. Hoje foi com o papá praticar um pouco em Coloane e o papá diz que está melhor, já se equilibra bem. Ontem o treinador diz que mais 2 treinos e está a patinar. Força de vontade nãoo lhe falta.

XUTOS E PONTAPÉS

Imagem roubada a esta menina ;)


À noite eu e o meu boneco fomos para o concerto dos Xutos e Pontapés, que 17 anos depois voltaram a Macau. Uma noite quente e agradável, nos Lagos Nam Van.
Estivemos um pouco sentados, mas o boneco só queria brincar, mudámos para a primeira fila, depois de algumas músicas e dele andar aos saltos e a chamar-me fui lá para baixo, para junto dele. Ainda dancei um bocado e cantei (ou melhor, berrei) outro tanto, mas gostei muito, apesar de no fim o meu boneco estar muito, muito cansado e sempre que acabava uma música me perguntar “Já está?”. Gostou da música Não sou o Único e A minha casinha e até me pediu para cantar no dia seguinte.

Sunday, October 29, 2006

HALLOWEEN





Sexta-feira ainda no trabalho recebo uma chamada de um boneco muito, muito excitado: “Mamã, mamã, eu tenho um facto do Mr. Incredible!!!(Igualao da foto roubada no site da Toys'R'Us) E eu brinquei na party, mas eu não gosto dos maus (descobri depois que é a Ghost House, ou casa de fantasmas) e tenho um jack o lantern(que eu não percebi o que era e depois descobri que é o balde abóbora!)”
Pela alegria dele valeu a pena o esforço

Friday, October 27, 2006

FIM DE SEMANA

Hoje, o meu mundo é um Mundo ao Contrário, a vida é uma Vida malvada e neste Circo de feras, nEsta cidade de Dados Viciados sinto saudades dA minha casinha, da minha Lisboa, a magnífica e sei que Não sou o único
Mas, como O que foi não volta a ser, e À minha maneira vou soltando os meus Gritos mudos, neste Fim do mês, Nós dois (eu e o meu boneco) vamos Sai(r) p'rá rua Enquanto a noite cai e começar bem o Fim de semana!

HALLOWEEN

Ou como ficar irritada-quase-a-bater-na-professora-do-seu-filho logo de manhã.
Ou uma maneira boa para ficar logo cheia de energia, daquela que apetece distribuir à chapada e ao estalo e não é aomurro que eu não gosto de violência!!!
Hoje é o último dia na escola do boneco, antes do Halloween, festa que em Macau não é muito festejada (do meu ponto de vista, que até aqui nunca a festejei), é apenas mais um dia normal. Ora, como é o último dia antes do Halloween, depois da escola há uma festa e não há autocarro para o levar para casa e é preciso ir buscá-lo porque o horário do autocarro é fixo, acaba a escola e vão para casa, ponto final e não se discute mais e por isso mesmo ele também não participa em nenhuma das actividades extra curriculares GRÁTIS.
Mas como é o último dia antes do Halloween, ontem à noite, depois do pediatra, banhos, jantar e já na hora do boneco ir dormir fui ver o caderno onde os professores escrevem os recados para os pais e quais os trabalhos de casa que eles têm de fazer e, imaginem o que dizia lá???? Amanhã, AMANHÃ, os alunos devem vir vestidos com trajes de Halloween.
Pois, e é na véspera que avisam??? Claro que já não “desenrasquei” nada, mas comecei a avisá-lo que no dia seguinte ia haver meninos vestidos de modo diferente, sem ser de uniforme.
O sono era tanto que foi para a cama sem pensar muito no assunto, pensava eu. De manhã acordou e perguntou-me se havia muitos meninos sem ser de uniforme e eu disse que não sabia, talvez, perguntou-me se o melhor amigo, o A. também ia estar vestido de modo diferente e respondi-lhe que não sabia.
Fomos para a escola, ele não falou mais no assunto, mas ainda no parque de estacionamento só se via alunos vestidos de diabos, bruxos, coisas que nem sei o que são, meninas de fadas, bruxas, princesas... Até as professoras, professores e auxiliares das salas estavam mascaradas e eu tive uma ameaça de crise de choro...
Na sala dele acho que não havia nenhum, NENHUM!!!, menino de uniforme, só ele que estava mesmo triste e à beira das lágrimas.
Claro que refilei que não é na véspera que se avisa que no dia seguinte os meninos vão mascarados, a escola é canadiana, tem costumes diferentes dos locais, não gosto, mas ia mascarar o boneco porque é horrível sentirmos que somos diferentes, sentir-se à parte, que deve ser o que ele está a sentir neste momento!
A escola acaba cedo, sim, mas eu trabalho, não sou como a maioria das mamãs que lá têm filhos que não tem nada que fazer, cada um tem a sua vida e deviam lembrar-se de avisar mais cedo porque o boneco sai às 15:05, chega a casa às 15:40, mas eu só chego, na melhor das hipóteses às 18:15!!!!
Enfim, estou irritada!!!
Vou ver se consigo comprar um fato ali ao Toys’R’Us!!!!


Adenda (14:38): Algum tempo e cerca de 18 euros (MOP$179.90) depois já tem fato dos Incriveis (era o que havia...) do Toys'R'Us que fui levar à escola para a auxiliar lhe vestir. Espero que goste! Eu estou cansada!

Thursday, October 26, 2006

PEDIATRA



Não gosto de ir com os dois ao pediatra. É uma confusão!
O boneco quer sempre ser o primeiro, mas depois não tem paciência, como é normal, para o tempo que demora a mana. Passa o tempo a pedir rebuçados ao doutor, rebuçados que o doutor lhe costuma dar no fim das consultas, ou a perguntar-me coisas enquanto eu tento acalmar a mana para o pediatra observar.
O boneco está bem e recomenda-se, os pesadelos são normisl se não acontecerem muitas vezes, tem a ver com o stress do dia e não lhe deu importância, nem à tosse que ele tem sempre um pouquinho. Gostou do peso dele, 19 kgs (p.75) para 1,10 m (p.75).

A mana entrou na sala de espera do consultório e começou a chorar, a agarrar-se a mim e a espernear. Teve de ser pesada ao meu colo e depois fazer a diferença de pesos. Eu com ela, 63 kg, eu sem ela 52 kgs, pois a rapariga pesa 11 kgs que tanto tempo a recusar comida fez este mal de a fazer descer na curva de peso onde andou até agora. Desde que fez um ano que está a descer do percentil 90 para ligeiramente acima do 50, não que o percentil me preocupe, mas ela não comer preocupa-me. Ele disse para esperar até à consulta dos 18 meses daqui a cerca de 3 semanas e depois vemos como está o peso dela. Não sei se ela o ouviu, mas hoje ao jantar comeu a sopa, a fruta e massa do nosso jantar e ainda bebeu 220 ml de leite. Só espero que não vomite!
A altura continua como antes, a rapariga não é, nem vai ser alta, culpa talvez da mamã baixinha e mantém-se no percentil 50 com 80 cm.
Tem um xarope (Actifed) para tomar por causa da expectoração e da tosse, tem de levar a segunda dose de Prevenar e de Meningitec que eu pensava ser só preciso uma dose.
A alergia que tem na parte de dentro do cotovelo direito e que ela coça é eczema atópico e receitou-lhe uma pomada, o Elomet. O principal problema é ser num sítio muito acessível e ela coçar-se. Vai melhorar quando o frio chegar e usar manga comprida.
De resto, nada de especial, vamos esperar para ver se ela come.
Boa noite que aqui são mais 7 horas que aí e eu estou cansada e vou dormir! Posted by Picasa

NOITE

ELE
Todos os dias
O meu boneco vem da escolinha
No autocarro da escola
Deixa-o à porta de casa
Pouco depois das 15:30
Onde a empregada o recebe
Depois de tirar o uniforme
Come qualquer coisa
E vai de autocarro com a empregada
Buscar a mana à creche
Normalmente, e se tudo corre bem
Isto demora cerca de uma hora
Quando corre menos bem
Porque há mais trânsito
Ou porque o autocarro demora
É preciso uma hora e meia
Mas têm chegado a casa
Sempre antes de eu sair do trabalho
Ainda têm tempo para um lanchinho
E ir ao jardim brincar um pouco
É o momento alto do dia
Que eu não partilho ;(
Ontem as coisas correram mal
Demoraram duas horas
Porque o autocarro demorou
E quando finalmente chegou
Estava tão cheio
Que foi impossível entrar
E o meu boneco
Começou a chorar
Esperaram outro autocarro
Chegaram a casa tarde
Já estava escuro
Já não dava para ir ao jardim
E o meu boneco telefonou a chorar
A dizer que tinha febre
A empregada confirmou
Mas só um pouco, muito pouco
Pedi-lhe para comer
Para beber água
Mais tarde
Quando eu estava na aula de ginástica
Telefonou-me novamente
Só para me dizer
Que não conseguia correr
Quando cheguei a casa
Muito miminho
Muito abraço e beijinho
Com cara de cansado
Cheio de sono
Verifiquei a febre
Pouca, 37.4
Banho, jantar e cama
Bebeu o leitinho todo
E dormiu
Acordou umas duas horas depois
A chorar e a gritar
Tremia que nem varas verdes
Em dia de ventania
Rangia os dentes
Abracei-o, para o tentar acalmar
Não resultou
Nada resultava
Só chorava
E tremia...
Penso que dormia
Mesmo de olhos abertos
E tinha pesadelos
Murmurava palavras
Que eu não compreendia
Imperceptíveis
De dentes cerrados
E apontava o vazio
“Eu quero fazer pequenino”
Consegui perceber
Mas quando lhe perguntei
Não me soube responder
Depois olhou-me
E a gritar apontava a porta
Enquanto se punha de pé
Perguntei-lhe onde queria ir
Casa de banho?
Só gritava, chorava
E esbracejava
Peguei-lhe nas mãos
Pus-me à frente dele
Pedi-lhe que se acalmasse
Para ir à casa de banho
Não podia gritar
Acordava a mana
E depois eu tinha de ir
Não podia ficar com ele
Olhou-me
Como se nunca me tivesse visto
Como se perguntasse
O que estava ali a fazer
Levei-o à casa de banho
A choramingar
Voltou para a cama
Dormiu
Mas passou a noite
Sempre a resmungar!

ELA
Para provar que não é verdade
Aquilo que eu digo
Ontem resolveu jantar
Uma massa com peixe
Seguida de meia banana
E ainda petiscou
O entrecosto e as batatas assadas
Do nosso jantar
E a seguir pediu
Alto e muito claro: “Chá”
Chá verde que eu costumo beber
Dei-lhe um pouco
Misturado com água
Para não lhe fazer mal
Mas estava cansada
E mal nos viu levantar da mesa
Correu para a cozinha a gritar
Que ela não sabe falar, só gritar
Pelo seu “titinho”
Que o papá fez
Juntamente com o do mano
Mas ontem deitei o mano primeiro
E ela andou sempre no quarto dele
A brincar e a esperar por mim
De leitinho na mão
Quando a fui deitar
O ritual de ligar a luz de presença
Ligar o ar condicionado
Mudar fraldinha
Vestir pijama
Ela vai por a fralda suja
No lixo da minha casa de banho
Depois desligamos a luz
E ela bebe leitinho ao meu colo
E tem sempre pedido
O seu”Me-nino!”
É assim que ela chama à maminha
Mas ontem não pediu
Foi a primeira vez
Que não o fez
Deitei-a
E fiquei a fazer-lhe festinhas
Até adormecer
O mesmo ritual
Todos os dias
Cerca de 30 minutos depois
Dormia
Por volta da 1:30 da manhã
Acordo com ela a choramingar
Faço-lhe festinhas
Para a acalmar
Falo-lhe baixinho
Abre os olhos
Olha-me e pede “titinho”
O papá vai fazer
Enquanto lhe faço festinhas
Até ela quase adormecer
Quando lhe dou o leitinho
Recusa, abana a cabeça
Não insisto
E volto a deitar-me
Ela chora
Volta a pedir o leitinho
Levanto-me
Dou-lhe o leitinho
Que ela bebe devagar
Mais devagar que o normal
Tenho sono
Não ligo muito
Está um pouco constipada
Tem ranho
Penso que é do nariz entupido
Acaba de beber o leitinho
Mas quando a vou deitar
Começa a chorar
Faço-lhe festinhas
Uma hora depois
Ainda lhe estou a fazer festinhas
Estou cansada
E tenho a sensação que dorme
Mas mal me deito
Recomeça a chorar
Um choro aflito
Ainda me estou a levantar
E já ela está a vomitar
Está de gatas
E não se suja
Pego nela
Sento-a nos meus joelhos
Faço-lhe festinhas nas costas
Limpo-lhe a cara
Verifico se o pijama está sujo
O papá muda a cama
Ela fecha os olhos
E aninha-se a mim
Muito encostadinha
À procura de mimo
Não é normal adormecer assim
Dou-lhe beijinhos
E ela quase adormece
Volta a pedir leitinho
Recuso
Ela fecha os olhos
Poucos minutos depois
Está meio adormecida
O papá demora eternidades
A mudar a cama
Ou não encontra roupa
Ou não sabe do protector
Ou não consegue entalar o lençol
Que a cama tem os protectores
Que “atrapalham”
E eu a tentar que não aja muita agitação
Para que ela durma
Finalmente deito-a
Ajeita-se e fica a dormir
São quase 3 da manhã
Dorme até às 6
Quando pede o leitinho
Recusa-o depois
Porque pensa que nos vamos levantar
Assim que a volto a deitar
Pede o leitinho
E pouco sobra dos 260 ml
Volta a adormecer
E foi até eu a acordar
Por volta das 7:45
A choramingar
Que não queria acordar.


Hoje vão os dois ao pediatra!

Wednesday, October 25, 2006

COMIDA


A amorinha não gosta
De tomar pequeno almoço
Já experimentei o leite
Mas para o beber
Tem de ser enganada
Tem de pensar
Que vai voltar a dormir
E só bebe uns míseros 80 ml!
Papas não come
Iogurte funcionou uma vez
Pão, só no fim de semana!
Não gosto que não coma
Vê o mano a beber o leitinho
Mas mesmo assim não quer!
Se levo para a creche
Elas dão-lhe o leitinho
Mas não gostam de o fazer
E eu também não gosto
Ando sem ideias
Até já tentei
Dar-lhe de mamar de manhã
Mas nem isso ela quer
Ainda por cima
Já quase não mama
Na creche dizem
Que come bem
Que come tudo
E gosta de tudo
Ela sempre gostou de tudo
Sempre comeu de tudo.
Agora em casa
Também recusa o jantar!
Não queria sopa
Então uma nova tentativa
Canja de massa com frango
Tem comido
Massa à bolonhesa também
Mas muito pouco
A fruta come
Ontem tentei outro prato
Arroz de peixe malandrinho
Não ficou aprovado :(
Há dias em que não janta
Outros petisca da nossa comida
À mão e no prato dela
Mas sentada numa cadeira
Igual à minha
Recusa a cadeira de refeições
Grita e esperneia
Parece que lhe estão a fazer mal!
Os dias que não come
Vale-lhe o leitinho
Antes de dormir
E (ainda) durante a noite
Uma ou duas vezes!
Já não sei o que lhe faça
O meu boneco
Podia comer pouco
Mas comia...
Adenda quase maior que o post:
Quando falo de papas inclui Cerelacs, aveias, Nestuns, cereais e outras do estilo próprias para a idade dela.
Acordo-a às 7:30 e até às 11:15 ela não come nada. Já tentei que ela fosse bebendo o leitinho pelo caminho e o que faz é entornar o biberão em cima da roupa! Em casa já tentei copo e palhinha...
Na creche não gostam de lhes dar “comida de fora (sim, casa é fora)”, têm medo de intoxicações.
O almoço na creche é servido às 11:15. Lancha na creche às 15:00, às vezes em casa pede um iogurte pelas 17h, e às 20:00 recusa o jantar. Dorme pelas 20:30-21:00 e bebe o leitinho (260 ml), tal como o mano ainda bebe, eu faço questão, acho que no dela vou passar a acrescentar Cerelac de arroz ou assim para aconchegar mais, mas ela não pode perceber o sabor senão não bebe. Já experimentei leite com chocolate de manhã (e até à tarde) e também não bebe.
Tenho as mesas de plástico coloridas mas o meu boneco nunca gostou de lá comer e ela também não, mesa é mesmo a nossa! Sento-a ao meu lado e seguro-a, atá-la ainda cai ela e a cadeira que a rapariga é terrível e não pára quieta.
Sopa já não entra, nem com peixe, nem com carne, nem com brincadeira, nem com o Noddy (o tal que ela adora e por ele deixa fazer tudo!). A fruta não tem qualquer problema (e se for iogurtes também não, ao jantar...)
A parte de ignorar é o que tenho feito, mas depois de um mês estou a passar de ignorar para irritar e não quero.
Quando bebe leite de noite (e é às vezes) é por volta das 2h da manhã. Se for depois das 5 já nem lhe tento dar leite.

Tuesday, October 24, 2006

NOMES - AMORINHA

Se a escolha do nome do meu boneco
Foi tarefa complicada
Para além de bastante demorada
E demorou até quase ao seu nascimento
Já a escolha do nome da amorinha
Foi bem mais fácil e rápida
Eu gostava de Sofia...
Mas há tantas Sofias
E Joanas, e Martas, e Inês
Eu queria um nome diferente
Um nome que quando falassem nele
Eu soubesse que era a minha filha.
E fiz uma pesquisa no Google
Tema: Nomes de bebés
À hora do almoço disse ao papá:
“Se for menina o que achas de Eliane?”
“Gosto mas parece : “alien” em inglês”
“Então põe-se Eliana.”
E ainda nem sabia se era menina
E até preferia outro menino
Mas a minha avó queria tanto uma menina
E eu queria tanto que ela ficasse feliz
Que comecei por escolher o nome da menina.
Quando fiz a ecografia para saber o sexo
Comecei a pensar
“E se for menino?
Como lhe vou chamar?
Ai, que Eliana não é como Daniel
Não há feminino e masculino...”
Mas era (é) uma menina linda
Que me enche a vida de alegria
Junto com o mano!

Eliana, Eliane: Associado ao Sol, esse nome indica uma pessoa perspicaz e cordial, que sabe se comportar bem em qualquer situação. Embora um pouco dispersiva, tem muita habilidade para lidar com o público

NOMES - BONECO

Desde sempre que sonhava ser mãe.
Nunca sonhei casar.
Mas ser mãe
Esteve sempre nos meus planos.
Inicialmente queria 4 filhos
Um menino, uma menina,
Outro menino e outra menina.
Depois cresci e amadureci.
Vi que a vida era árdua.
E decidi que o ideal
Era um filho apenas.
E tinha de ser menino.
O dia em que descobri
Que estava grávida
Não foi tão feliz
Como tinha pensado
Tal como já o disse
aqui
Mas correu tudo bem!
A escolha do nome foi tarefa fácil
Queria tanto um menino
Que tinha quase a certeza
Que seria menina
E eu gostava de Sofia...
O papá não tinha nenhuma opinião
Nenhuma sugestão
E Sofia foi aceite
Eu não queria nomes repetidos
E na família não havia nenhuma Sofia.
Quando o médico me disse
Que afinal era menino
Foi uma grande felicidade
Mas agora não tinha nome.
Tinha de pensar no assunto.
Eu gostava de vários nomes
Mas nenhum me parecia o ideal
Nenhum...
O que eu sugeria
O papá não gostava
E não tinha sugestões...
Foi o “Bebé H.” (apelido do pai)
Até umas semanas antes de nascer
Não tem nada bordado com o nome dele
Pedimos sugestões a amigos e familiares
Mas ninguém sugeriu nada do nosso agrado.
Bruno, Gonçalo, Henrique, Rafael
Fizeram parte dos possíveis
Sempre rejeitados
E tinham R (excepção feita a Gonçalo)
E não podiam ter
A família do papá não fala português
E os chineses não conseguem dizer os R’s
O meu nome de eleição para menina
Era Daniela
Nome que alguém da família usou...
E daí que, em desespero de causa
Começamos a pensar em Daniel
E comecei a habituar-me ao nome
E a gostar cada vez mais dele
E, no fim do tempo de gravidez, o meu bebé
Deixou de ser “o meu menino”
Passou a ser “o meu DANIEL”


Daniel, Danilo: Significa Deus é meu juiz indica uma pessoa que não se preocupara exageradamente com a opinião dos outros. O importante para ele é estar em paz com a própria consciência e com seus princípios morais. Tem uma intuição muito grande e sabe usá-la.

Acende uma vela


Tinha prometido
Que iria publicar
Embora não perceba muito bem
Como isto pode ajudar...
Vamos acreditar que sim
Foi roubado a esta menina

"As crianças vítimas de abusos através da internet não podem defender-se, mas tu podes defendê-las. Com a tua ajuda conseguiremos erradicar este flagelo. Não precisamos do teu dinheiro; somente que acendas uma vela de apoio.
Estamos a enveredar esforços para que se acendam Um Milhão de Velas até 31 de Dezembro de 2006. Esta petição será usada tendo em vista encorajar governos, políticos, instituições financeiras, organizações de pagamento, servidores de internet, companhias de tecnologia e agências de investigação policial, a erradicar a viabilidade comercial do abuso infantil online. Eles têm o poder de trabalhar juntos. Tu tens o poder de os mover.
Por favor acende a tua vela, ou envia um e-mail de apoio para light@lightamillioncandles.com Juntos seremos capazes de destruir a viabilidade de sites de abuso infantil que destroem as vidas de crianças inocentes. Divulga esta informação, para que também os teus amigos, conhecidos, colegas e leitores acendam uma vela."

Monday, October 23, 2006

CURTO

Todos os fins de semana
Me deixam essa sensação
Que o tempo não chega
Tanto que queria fazer
Tantos sítios para ir
Tantas brincadeiras
Tantas asneiras!
Tanto tempo
Com os meus amores
Tão bom!
Mas tão curto
Que passa tão rápido
E deixa o sabor
A pouco, muito pouco
Os meus sábados de manhã
São para ir ao mercado
Abastecer para a semana
Carne, peixe e vegetais
Que o supermercado
Costuma ser durante a semana
O resto da manhã
Passada em casa
À tarde a mana dorme
Fica com a empregada
O boneco e o papá
Foram ao jardim
Enquanto a mamã
Foi às tendinhas (feira)
Tentar encontrar
Umas roupas de manga comprida
Sem grande sucesso
Que a mamã é muito esquisita
E não gosta de muita bonecada
Nem muitos lacinhos, folhinhos
E outras coisas assim
Quando a mana acorda
Vamos a casa buscá-la
Fomos à piscina
Porque quero que o meu boneco
Vá para a natação
E tudo o que tenho conseguido
É um “não!”
Gostou
Pouco entusiasmo
Diz que quer ir
Vou inscrevê-lo
Começa em Novembro
Espero que não desista
Tenho de pagar dois meses
São mil patacas (100 euros...)
Da piscina
Para o hóquei em patins
Para ver se gosta
Mal entra no pavilhão
Quer uns patins
Quer ir lá para dentro
Para o ringue
É o mais pequeno
Na idade
Tem 4, os outros 6
Mas é da mesma altura
Pode praticar
Precisamos de patins
Base de alumínio
Rodas de plástico
Parece ser
Missão impossível em Macau...
Ontem já procurámos
Pessoal de Macau
Alguém sabe onde os encontrar?
Sábado quer ir
Mas eu não sei como
Sem patins
E eu quero que vá
Pelo menos aprende a patinar
Domingo de manhã
Mamã e mana em casa
Papá e boneco a procurar
Os patins...
À tarde, mana a dormir
Papá e boneco a passear
Mamã com ataque de “cozinha”
Foi fazer muffins de banana
A forma não cabia no forno ;(
Quem me manda não experimentar primeiro?
Mufins transformados
Em dois bolos na forma de bolo inglês!
E enquanto coziam
Um ataque de limpeza
Ao chão da cozinha
Lixívia e escova em punho
E temos um chão “novo”.
E quando a mana acordou
Fomos os 4 para o jardim
Até a noite
Foi só brincar!
Mas soube a pouco
Muito pouco
Sabe sempre!
Boa semana!

Friday, October 20, 2006

REFLEXÃO

Aviso já que este post é um bocadinho grande...

Ao ler esta menina e as suas razões de ter um blog fiquei a pensar nas minhas razões para ter um blog.

Quando comecei nestas andanças não fazia ideia do que era um blog.
Já me tinham falado do assunto mas nunca tinha lido nenhum.
Estava grávida pela segunda vez e fiz uma pesquisa no Google à procura de algo relacionado com bebé.
Lembro-me que a palavra bebé constava das palavras chaves do que queria procurar e um dos resultados foi este blog: Para ti, bebé.
Comecei a acompanhar esta menina e a sua gravidez, adorava ler o que ela escrevia e o modo como descrevia a gravidez e os seus sentimentos.

Decidi criar um blog para registar a evolução da minha gravidez.
Pensei que seria um bom modo de partilhar o que ia acontecendo com os amigos e a família que estava em Portugal e que me cobravam emails e notícias.
Escrevia para mim ao ritmo de um post por dia.
Não comentava ninguém. Não sabia o que “dizer”.
Fui começando a ler outros blogs, sempre na sombra, no anonimato.
Não comentava nem tinha comentários.
Não me preocupava.
Os amigos que me liam enviavam-me email.
Isso chegava-me, escrevia para mim e para eles, de certo modo.

Quando a minha filha nasceu recebi os meus primeiros comentários.
Dois ou três, não me lembro e não me apetece ir ver.
Fiquei muito surpreendida, não sabia que alguém me lia.
Fiquei igualmente intrigada.
Que interesse tinham na minha vida?
Fui atrás do link e agradeci a “visita” pois era o que tinha visto noutros blogs.

Essas pessoas voltaram mais vezes. Eu retribuía.
Aos poucos, quando as coisas me interessavam comecei a “distribuir” comentários.
Lembro-me de uma vez estar a ler esta menina (Sara MM), era a primeira vez que lá ia e ela “mandava a boca” de que mesmo quem ia lá só cuscar podia dizer que lá tinha passado. Assim o fiz. Comecei a fazê-lo noutros cantinhos, como gostam de chamar ao blog.

Fui tendo cada vez mais comentários, mais visitas, a lista de links foi aumentando.
Comecei a ficar viciada. Queria mais comentários, gostava de os ler.
Tive a sorte de nunca ter tido comentários maldosos ou menos bons.
Ficava um pouco chateada porque eu visitava regularmente determinados blogs que nunca se dignaram vir ao meu, ou se o fizeram nunca comentaram.
Continuo a fazê-lo, mas já não estou à espera de retribuição.

Depois a febre de mais comentários passou-me.
Comecei a comentar menos embora comente por vezes blogs novos de que goste.
Não espero retribuição. Às vezes, quando retribuem já nem me lembrava de lá ter passado. Li, gostei e comentei.

Se inicialmente não ligava, depois veio a febre dos comentários e depois a tentativa de retribuir a todos os que me comentavam. Chegou a uma altura que desisti de retribuir. Gosto de visitar os blogs ao meu ritmo e ultimamente esse ritmo é um bocadinho lento.
O meu tempo livre é para os meus filhos, eles são o mais importante da minha vida.

Não gosto que me cobrem, que me digam que ando desaparecida dos seus blogs.
Posso ficar muito tempo sem visitar um blog e sem o comentar, mas quando lá volto leio todos os posts em atraso.
Às vezes leio e não me ocorre dizer nada e não comento...
Outras vezes comento vários posts.
Depende do tempo, da disposição e do interesse (ou não) que o post me desperta e se tenho algo útil a acrescentar-lhe.

Encontrei neste mundo pessoas com as quais me identifico, umas porque os filhos têm uma idade próxima dos meus, outras porque o seu modo de escrever me cativa, porque me parecem sinceras, porque pensam como eu.
Alguns destes amigos virtuais saltaram do mundo virtual para o real, a primeira aqui em Macau, território tão pequeno, mas que foi preciso o mundo virtual para nos juntar.
Em Julho deste ano, nas férias em Portugal conheci mais amigas virtuais.
Algumas pessoas correspondem à imagem que tinha delas, outras nem por isso e outras há que não tinha feito qualquer imagem de como seriam.
Gostei de as conhecer a todas, sem excepção e tive pena das que não conheci conhecer, algumas das quais ainda falámos ao telemóvel ou trocámos emails.
Todas vocês sabem quem são.
Destes encontros quero acreditar que me ficaram amizades, claro que umas mais que outras pois como é natural criamos mais empatia com umas do que com outras.

Ainda há algumas que gostaria muito de conhecer, principalmente aquelas que me acompanham desde o início e outras que eu também acompanho há muito tempo mas se não se proporcionar paciência. A febre inicial dos encontros passou-me.

No meu blog partilho algumas fotos dos meus filhos, fotos em que não se vê muito bem a cara deles, mas em que dá uma ideia de como eles estão ou não crescidos.
Não o faço de ânimo leve. Tenho uma ideia do perigo que é por uma foto na net, em qualquer lado e preocupo-me em escolher as fotos que coloco na net.
Porque continuo a publicar fotos deles? Porque a família e os amigos lá em Portugal gostam de os ver e as fotos servem para que matem saudades de quem só vêem uma vez por ano. Talvez se a família estivesse mais perto não o fizesse, não sei...
Se vou continuar a fazê-lo, claro que sim até que aconteça algo que me faça mudar de ideias.

Tenho visto acabar alguns blogs de que gostava, outros mudaram-se ou têm password e continuam a dar-me o privilégio de os visitar, o que eu agradeço pois confiam em mim apesar de apenas nos conhecermos virtualmente. Já me habituei a acompanhar a evolução dos seus filhos e até chego a ter saudades de ler determinada pessoa.

Gosto de escrever.
Não sou da área de letras e sempre achei e continuo a achar que não sou muito boa a escrever, mas escrevo para mim e ninguém é obrigado a ler, muito menos a comentar.
Para mim e quem sabe um dia os meus filhos vão ler isto? Ou, provavelmente vão achar que são só lamechices e não lhe dar qualquer valor, mas isso não me interessa.
Sinto-me bem a por os meus sentimentos no “papel”. Há dias em que escrevo com muita facilidade, outros em que não me apetece fazê-lo.
Continuo a publicar um ou mais posts por dia. Guardo algumas coisas que escrevo nos dias em que estou mais inspirada para publicar nos dias de menor inspiração.

Ultimamente tenho andado um pouco cansada, talvez até desinspirada.
O gosto de escrever mantêm-se e sei que vou continuar a escrever para mim, porque me faz bem, me alivia o stress. Porque gosto de registar as evoluções deles, para mais tarde recordar. Há muita coisa que escrevo e não publico, fica apenas gravado no word.

Já pensei acabar com o blog ou dar acesso apenas a algumas pessoas, mas acho que não o farei. Tal como eu gosto de visitar determinadas pessoas, determinados blogs quero acreditar que há outras que gostam de me visitar. E o meu blog continua a ser o modo mais rápido de comunicar com a família e amigos em Portugal.
Já pensei retirar a hipótese de me comentarem para não me sentir na obrigação de retribuir, mas afinal essa obrigação está na minha cabeça.
Agora vou lendo, às vezes comento outras não. Aproveitando melhor o meu tempo, dedicando-me mais ainda aos meus filhos, o meu maior tesouro!

DOENTE

Hoje a amorinha
Ficou em casa
Não foi à creche
Durante a noite
Achei-a um pouco quente
Temperatura: 37.2
Não é muito
Tem tosse
Especturação
E muitos espirros
Aliado à falta de apetite
Decidi não arriscar
E ficou em casa
Na creche
Ficaria pior
Teria menos atenção
Acho que nem ia entrar
Pois à entrada
Medem-lhe a temperatura
Todos os dias
E várias vezes ao dia
(Acho que 3 no total)
Consequências da SARS
E agora da gripe das aves
Poderão também ser dentes
Já só lhe faltam
Os 4 segundos molares
Ela choraminga
E põe a mão na boca
E eu fico com dúvida
Se lhe dói as gengivas
Ou se será a garganta...

Thursday, October 19, 2006

BIRRAS



Ela.
Ele.
O papá.
Tudo.
Todos!
Há dias (e noites)
Que não deviam existir!

Ela de noite pede “titinho”
O papá prepara
Bebe.
Acaba.
Meio a dormir
Volta para a cama
Mal toca no colchão chora.
Pego novamente nela
Acalmo-a
Penso que estará mal disposta
Verifico a fralda
A temperatura
Massajo a barriga.
Ao meu colo adormece
Volto a colocar na cama
Deve ter picos!
Começa a chorar
Põe-se de pé num ápice
Volto a deitá-la.
Faço festinhas
Adormece
Deito-me
Acorda a gritar
Quer mais festinhas
São 1:30 da manhã
Estou cansada
Preciso dormir
Falo com ela
Não me levanto
Apenas falo
Deita-se
Continua a chorar
Quanto mais falo
Mais ela grita
É directamente proporcional!
Grita a plenos pulmões
Parece que lhe estão a fazer mal
Suspeito que vá acordar o mano
Calo-me
Ela continua a gritar.
Levanto-me
Sentada na cama falo com ela
Grita, cada vez mais
Nem sei como tal é possível.
Põe-se de pé
Estende-me os braços
Pego nela ao colo e acalmo-a
Adormece muito rápido
Coloco-a na cama
Ainda nem tocou no colchão já está a gritar!
Perco a paciência
Deixo-a gritar.
Às 3:40 da manhã finalmente adormece
Eu estou cansada
Irritada
E já nem tenho sono.

Ele.
Levanta-se bem.
Implica com o papá
Porque este lhe pede para despachar
Para calçar as meias e os sapatos
Tem de ser ele a fazê-lo
Não quer ajuda
Demora séculos
Desespero
Não digo nada
Mudo a fralda dela
Ele está calçado
O repelente dos mosquitos
Tem de ser a mamã a por
Está pronto
Saímos de casa
Na escola
Hora de fazer o comboio
É assim que entram para a escola
Turma por turma
Despede-se da mana
Despede-se de mim
Tudo corre bem.
Despede-se do papá
O papá dá-lhe o almoço
Diz-lhe para o entregar à auxiliar
Não quer
O papá insiste
Ele diz que é pesado
Começa a arrastá-lo pelo chão
O papá diz para não o fazer
Ele implica que não pode com o saco
Ë o mesmo que ontem ELE levou
Começa a choramingar
Agarra-se a mim
Não vai para a formação
A mana chora
Porque o mano chora
A auxiliar vem buscá-lo
Ele atira-se para o chão
Peço que o deixe
Falo com ele
Não me responde
Só chora
Estou atrasada
Ainda tenho de levar a mana
Começo a irritar-me
Deixo-o a choramingar
Fica o papá com ele
Levo a mana e vou embora
Olho para trás e vejo o papá levá-lo
Penso que já está
Que vai ficar
Espero o papá à entrada
Ele volta e diz que tenho de entrar
Vou à sala
Falo com ele novamente
Que gosto muito dele
Mas que tenho de ir trabalhar
Ele chora
Peço para ir ler o livro com a professora
Quer ler comigo
Não tenho tempo
Não dá mesmo
Tento explicar-lhe
Não quer ouvir
Só chora
Digo-lhe que hoje não há escola
Que o levo para casa
Fica com a empregada
Ele não gosta
Diz que não
Continua a choramingar
Dou-lhe um beijinho
E peço que fique
Não quer ler então que brinque um pouco
Tudo isto sempre com a mana ao colo
Porque ela não quer o papá
Quem disse que as meninas são do papá?
Sinto-me uma cigana
Com os filhos encaixados na anca
Desgrenhados e ranhosos
Saio da sala
Vou embora
Ele ficou
A choramingar!
O papá a implicar
Que não faz mais almoço
Que ele come na escola
Enfim!
Já não ouço
São 8:40
Estou atrasada
Estou cansada!

Creche da mana
Agarra-se a mim
Mas quer ser ela a chamar o elevador
A marcar o andar
Lá em cima choraminga
Quando lhe medem a temperatura
Pensa que é esta auxiliar
Que a vai levar
Acalmo-a
Abraço-a
Estou tão atrasada!
Vem a outra auxiliar
Vai ao colo dela
Sem chorar
Sem ser preciso forçá-la
É ela que me larga
E lhe estica os braços
Encosta-se a ela
Tão fofinha!
Olha para mim
Faz um adeus
Sem levantar o braço
E faz beicinho
Mas não chora
E vai
E eu venho trabalhar
Tão atrasada!
Tão cansada!

Wednesday, October 18, 2006

Tempo



O tempo
É como areia fina
Que me escorre das mãos
E, por mais que me esforce
Para o agarrar
Ele continua a escapulir-se
Por entre os meus dedos
E eu, impotente
Para o agarrar
Resta-me aproveitar o máximo
Cada minuto
Cada grão de areia
E não deixar para amanhã
Afinal o que é o amanhã?
E se ele não chegar?
Viver intensamente o hoje
O agora
E ser feliz
Senão o tempo
Aquele tempo para ser feliz
Nunca chega
E nas minhas mãos apenas o vazio...
Apenas alguns grãos de areia
Que teimam em não sair...
Aproveitem o vosso tempo
E, como alguém dizia, façam o favor de ser felizes!

My hidden talent (o meu talento escondido)

Fis este teste e achei piada...




Your Hidden Talent



You have the natural talent of rocking the boat, thwarting the system.

And while this may not seem big, it can be.

It's people like you who serve as the catalysts to major cultural changes.

You're just a bit behind the scenes, so no one really notices.

Tuesday, October 17, 2006

17 MESES

A menina que nasceu no dia 17
Faz hoje 17 meses
17 meses lindos
De um amor diferente
Uma menina tão alegre
Tão cheia de viva
Tão feliz!
Uma menina
Sempre bem disposta
Que grita, salta, trepa
Que faz as suas birrinhas
Não começavam aos 2 anos?
Uma menina
Que adora dizer não
Cuja alegria
Nos enche o coração
E a casa
Que “derrete” o mano
Só por chamá-lo
Uma menina
Que faz tantas gracinhas
Tão esperta
Tão traquina
Tão marota
Uma menina
Linda, linda
E muito amada
Parabéns pelos 17 mesinhos!


AMORINHÊS

Mêia (parece que tem a boca cheia)= meia
Umamêia= uma meia
Me- nino! = Maminha
Leng leng = Bonita (em chinês)
Bebé = bebé ou ela própria
Mano
Na-tal = Natal (de uma música do avô cantigas)
Táu = cabeça (em chinês)
Dedo

Chucho = sujo
Xixi = xixi ou cócó
Pfff ( a franzir o nariz) = quando cheira mal (geralmente quando lhe mudo a fralda)
Papaia = papaia (a fruta) ou sandália, sapato...
Múuu = vaca
Pixe = Peixe não confundir com Pisci = Passarinho!!! LOL



FRASES
Muito poucas que eu sou muito preguiçosa

Um há (com as palmas das mãos voltadas para cima e ombros encolhidos)
É bom
É bebé
É bi = É bonito
Quim é? = Quem é? (Geralmente com uma foto de nós quatro na mão)
Qu’isto= O que é isto?
Bebé ahm = O bebé come
Bebé dá = dá à bebé
Too many = demasiado (em inglês)
So many = tanto (em inglês)

Desafio dos 10 anos


E outro desafio que a SaraA me lançou:

1996:
Primeira vez que fui a Portugal, mais de um ano depois de chegar a Macau, para apresentar o marido (na altura namorado) à família. A mãe dele foi connosco. Começámos à procura de casa em Portugal para comprar, uma autêntica maratona, vimos casas de manhã à noite e ainda conseguimos fazer uma “volta a Portugal” com a mãe dele e a minha avó. Uma não fala português a outra não fala chinês...

1997:
Mais um mês à procura de casa, numa grande maratona durante as férias em Portugal.
Comprámos casa uns dias antes de regressar a Macau

1998:
Estive um mês a estudar na Universidade de Língua e Cultura de Pequim. Um grupo de Macau que estudou mandarim em Macau e pediu dispensa de serviço e fomos às nossas custas para Pequim. Gostei muito e aprendi bastante, além de passear também muito. O namorado ficou em Macau.

1999:
O meu pai, a minha madrasta e o meu irmão T. visitam Macau. Juntam-se os meus amigos V. e R. e vamos todos a Cantão.
Transferência de soberania de Macau. A tristeza do arrear da bandeira e a sensação que “isto” nunca mais vai ser o mesmo.

2000:
Passei um mês em Pequim com um grupo de funcionários públicos de Macau, na Universidade de Língua e Cultura de Pequim a estudar mandarim. Foi muito giro. Ficámos a morar na residência do campus da universidade e tínhamos hora para chegar LOL. Tantas vezes que saltámos o portão!
EM Agosto completei 30 anos e comecei a procurar um descendente.

2001:
Em Abril fui ao Camboja com a madrinha do boneco e uma amiga.
Em Maio iniciei o MBA e tive dispensa a algumas cadeiras.

Em Julho estive 2 semanas no Instituto Nacional de Administração de Pequim com um grupo de funcionários públicos de Macau a estudar a administração chinesa, ou a levar uma lavagem ao cérebro de “nós somos os melhores” O marido também estava mas foi muito complicado, não gostei e só queria desistir e vir-me embora. Passei mais uma semana em Xangai ainda no mesmo tipo de programa mas este incluía muito mais passeio que seminários LOL

Em Setembro fizemos uma viagem de carro Portugal e Espanha para arejar ideias e pensar o que iríamos fazer a seguir pois o descendente não aparecia.
3 dias de muito namoro em Torremolinos e trouxe o descendente embora não o soubesse.
O choque do 11 de Setembro, a confusão para entrar no aeroporto de Lisboa e os sentimentos uns dias depois de tão terrível acontecimento.
Uma operação de implante de dentes e uma dose “cavalar” de anestesia pois não “pegava”. Recuperação complicada, sempre a vomitar, efeitos da anestesia, diziam. Período sem aparecer. Teste de gravidez positivo. Alegria e apreensão.
Consulta e a incerteza de esperar até às 20 semanas para ver se estava tudo bem...
A minha colega de quarto da residência universitária é obrigada a fazer um aborto depois de se verificar que a menina só tem metade do coração e não sobreviveria. Tinha quase 24 semanas.
Anuncio a gravidez à família no Natal

2002:
Em Janeiro, depois de uma irritação com o chefe urgências e contracções às 18 semanas. Uma semana de repouso.
20 semanas e a confirmação que estava tudo bem, o respirar de alívio e desfrutar da gravidez.
A selecção portuguesa de futebol desloca-se a Macau para inaugurar o Estádio de Macau numa partida amigável Portugal - China. Conhecemos o chefe de cozinha e levamo-lo a passear, canso-me muito.
Entro e saio do quadro de pessoal do serviço onde trabalho.
Muito cansaço, muita irritação e a 24 de Maio dou entrada no hospital.
No dia em que completou 39 semanas, 26 de Maio, nasce o meu boneco!
A minha madrasta e o meu irmão T. passam 3 semanas comigo.
Viagem a Portugal com um bebé de dois meses e a mãe do Zé.
27 de Agosto: Eu e o papá casamos no Montijo sem papéis que o Consulado de Macau tinha feito a documentação toda mal. Valeu-nos a simpatia e boa vontade da Conservadora.
Não fiz festa e casei de preto, com um vestido emprestado pela minha irmã.
A lua de mel foi ficarmos sozinhos uma semana, nós dois e o bebé e passearmos muito pela zona de Cascais, Guincho, Cabo da Roca...

2003:
Baptizado do boneco em Macau

2004:
Decidi que talvez não quisesse apenas um filho.
Engravidei da amorinha, no dia em que decidimos que íamos ter mais um.
Tinha acabado de me inscrever na especialização do mestrado que não consegui fazer, coincidia com os 3 primeiros meses de vida dela.

2005:
Nasce a amorinha. Viagem a Portugal com um bebé de 2 meses, desta vez só nós com a bebé de 2 meses e o meu boneco com 3 anos.
Depois de muitas atribulações e recursos, ganho o processo em tribunal e volto a entrar para o quadro de pessoal do meu serviço.

2006:
O meu boneco muda de escola e está muito mais feliz e a falar inglês “pelos cotovelos”
A amorinha vai para a creche e choraminga.

Isto é o que me lembro...
Passar a quem? Olhe, quem não fez faça favor de fazer LOL

Mais um desafio


Respondendo ao desafio que a Anjos e Sonhos me deixou...

Olhos?
Castanhos
Cabelos?
Castanhos
Altura?
1.56 m
Peso?
53 Kg :(
Ascendência?
Portuguesa
Signo?
Virgem (não se nota???!!!)
Sapatos que está a usar?
Chinelas pretas
Fraqueza?
Orgulho e Teimosia
Medo?
De não estar sempre presente na vida dos meus filhos ou quando eles mais precisarem e de não tomar a melhor opção para o futuro deles
Objectivo que gostaria de alcançar?
Que os meus filhos fossem felizes e comprar uma casa (vivenda)
Frase que mais uso no MSN?
Raramente uso o MSN
Melhor parte do corpo?
Peito
Pepsi ou Cola?
Nenhuma
MacDonald´s ou Bob´s?
Nenhum
Café ou capuccino?
Nenhum
Fuma?
Nunca o fiz
Palavrões?
Muito raro, utilizo muito Fogo!
Perfume?
Contradiction, de Calvin Klein
Canta?
Para os meus filhos
Quando estou bem disposta porque estou alegre
Quando estou triste para espantar o mal...
Toma banho todos os dias?
Sim
Gostava da escola?
Sim
Acredita em si mesmo?
Tem dias
Tem fixação com saúde?
Não
Dá-se bem com os seus pais?
Depende do ponto de vista
Gosta de tempestades?
No geral sim, mas desde o tsunami que me preocupam
No último mês...
Bebeu alcool?
Meia caipirinha LOL
Fumou?
Não
Usou drogas?
Não
Fez compras?
Sim, nem que seja no supermercado
Comeu um pacote inteiro de bolachas?
Sim
Comeu sushi?
Sim
Chorou?
Sim
Fez biscoitos caseiros?
Só bolos
Pintou o cabelo?
Não
Roubou?
Não
Número de filhos?
Dois
Como você quer morrer?
Querer, querer, não quero...
Piercings?
Não
Tatuagens?
Não
Quantas vezes o seu nome apareceu nos jornais?
Pelo menos uma num jornal de Macau numa pesquisa sobre o que achava de Macau ou algo assim que já não me lembro muito bem...
Cicatrizes no corpo?
Uma de 3 pontos da operação à apendicite
A mais recente no dedo polegar esquerdo resultante de um grande corte a preparar os vegetais para a sopa da amorinha
Do que você se arrepende de ter feito?
Raramente me arrependo... talvez de não ter comprado casa em Macau mais cedo quando houve uma oportunidade fantástica e a casa custava metade daquilo que depois paguei...
Cor favorita:
Preto
Qual a disciplina favorita na escola?
Matemática
Um lugar onde nunca estive e gostaria de estar:
Japão (eu sei, é aqui tão perto...)
Matutina ou nocturna?
Nocturna (agora mais complicado e vou dormindo pouco, muito pouco…)
O que você tem no bolso?
Não tenho bolsos
Em 10 anos, imagina-se....
Mais velha e a lidar com um adolescente na idade do armário ;b
Desafio os seguintes blogs:
Quem é que ainda não fez???

Monday, October 16, 2006

RECHEADO

Foi assim este fim de semana
Em novidades
Em actividades
Sábado de manhã
Muita brincadeira
O boneco recebeu um amiguinho
Foi a primeira vez
Que levou alguém para casa
Amigos desde a creche
Sempre se deram bem
Adoram-se
Gosto de os ver juntos
O boneco fica mais espevitado
Sai da sua casca
Deixa de ser um menino envergonhado
Desarrumaram tudo
Parecia que um tufão
Tinha passado na minha sala
E no quarto do meu boneco.
A amorinha um pouco admirada
A chamar mano aos dois

Sábado à tarde
Festa da Lusofonia
O meu boneco foi brincar
Para os insufláveis gigantes
Uma alegria!
Pelo meio
A mamã
Numa tentativa vã
De ser a futura Shakira
Foi aprender dança do ventre
Ainda me diverti
E saí de lá toda contente!

Sábado à noite
Mamã e papá
No concerto dos Clã
Na Festa da Lusofonia
Uma fatia de bebinca
Regada com meia caipirinha
Que isto de beber
Depois de tanto tempo sem o fazer...
Não é tão simples como parece
Concluí
Que já não tenho idade
Para este tipo de música...
Que apenas uma
Problema de expressão
Me aquece o coração.

Domingo à tarde
Para aproveitar uma oferta
E que oferta!
Mamã e amorinha
Fizeram uma sestinha
No Grand Beach
O quarto 521 do Westin Resort
Papá e boneco
Na piscina
Uma tarde muito bem passada
Eles divertiram-se muito
Brincaram mais ainda
A amorinha ao acordar
Também foi à piscina
Mas esteve sempre sentada
Na escada
Apenas com o rabo dentro de água
Fartou-se de chapinhar
E de rir à gargalhada.
Mas a noite foi complicada
Ar condicionado demasiado frio
Uma bebé que não se tapa
Que faz birra e grita
E que tem frio.
O mano que tinha tanto sono
Que mal se deitou, adormeceu
E foi até de manhã
E eu que estou tão cansada
Mas feliz
Porque eles gostaram.

E de Portugal
Chegou a novidade
Fez laqueação de trompas
Há 17 meses
Está grávida de dois meses!
Espero que seja menina
E que tudo corra bem ;)

Adenda 1: Em Macau estão 28ºC neste momento (15:51)

Adenda 2: Não era suposto engravidar depois de laquear as trompas, descolou. A laqueação foi feita quando fez cesariana do meu sobrinho nascido a 14 de Abril.

Adenda 3: Só vem um bebé a caminho!!! O desejo de ser menina é porque o meu irmão já tem dois rapazes.

Thursday, October 12, 2006

SOLIDARIEDADE

Este meu cantinho
Não é só meu
Acaba por ser um pouco de todos
De todos o que o lêem
Comentem ou não
E por isso queria
Chamar a atenção
Para o que a
Caracoletras pede
Porque há situações que são tão más
Que parece impossível
Serem reais
Uns bebés gémeos
Praticamente sem pais
(A descrição está no post 07/10

Ao qual se seguiram actualizações)
O pai está internado
Devido a um AVC
A mãe faleceu
Após o nascimento
Os bebés estão com um irmão
Mas esta é uma situação
Bastante complicada
Se ninguém fizer nada
Vamos ajudar?
Pormenores no
blog desta menina

CARLOS DO CARMO

Noite agradável
Local memorável
Um edifício lindo
Muito tempo abandonado
De portas fechadas
Agora recuperado
Que ontem nos acolheu
E que recebeu
Um grande fadista
Dos melhores
Senão o melhor!
De Portugal
Voz sensacional
Que canta Lisboa
E nas traz a saudade
Portugueses, chineses
Qualquer comunidade
Presentes no D.Pedro V
Que já foi um grande teatro
Novos, de mais idade
Sozinhos, acompanhados
Penso que a todos tocou
A todos emocionou
Um programa
Que não seguiu o alinhamento
Que foi sendo modificado
Consoante o sentimento
Um fadista persistente
Que nos levou a cantar
E que foi paciente
Para conseguir alcançar
O resultado que pretendido
Um “público de concerto”
Foi assim que nos designou
Um “concerto” transmitido
Para toda a China
E em que ele cantou
Contou histórias
Falou
Em que nos fez cantar
Puxou por nós
E nos fez lembrar
Que a nossa voz
Estava a ser ouvida
Por 1,300 milhões de pessoas
Em toda a China
Músicos jovens
A “nata”
Como lhes chamou
E no fim
Com três inéditos nos brindou
Numa final
Em que o público o ovacionou
De pé, por aqui pouco habitual

RECONHECIDA

Quando o espectáculo terminou
Já a sair
Ouço chamar
Vejo alguém vir
Fiquei a pensar
De onde seria
Que a conhecia
Se me estaria a confundir
Esperei
Sorri
Reconheceu-me do blog
Descoberto por acaso
E fiquei sem saber
O que haveria de dizer
Perante esta revelação
Estava curiosa
Não tenho lá foto
Diz que foi intuição
O espectáculo, o local
O marido, todo jeitoso por sinal
Começou a acreditar
Ser quem estava a pensar
Pediu desculpa pela intromissão
Mas que gostava de ir espreitar
De ver como os meninos estão
De me visitar
Também é mãe
Sabe do que falo
O filho já é grande
Quase da minha idade
E já tem a sua liberdade
E eu agradeço a simpatia
O gesto, a alegria
E quem sabe nos voltamos a encontrar?

Wednesday, October 11, 2006

CRECHE

Mal o carro estaciona
Olha-me aflita
Choraminga
Faz beicinho
Tenho de lhe pegar imediatamente
Senão grita desalmadamente
Abraça-se a mim
Aninha a sua cabeça no meu ombro
Um miminho que me sabe tão bem
Mas que me custa tanto
Sei que fica bem
Mas custa-lhe tanto a separação
O pai tenta pegar-lhe
Abraça-se mais a mim
Faz beicinho
Tão lindo!…
Chamo o elevador
A auxiliar fala-lhe
Não é a dela
Chora
Primeiro choraminga
Se ela continuar a falar
Chora desesperada
Ela já a tentou uma vez levar
Sem sucesso
Aguardamos a auxiliar dela
Pacientemente
O tempo a passar
Estou atrasada
Mas espero
Por ela espero
A auxiliar dela chega
Sai do meu colo
Ainda a soluçar
Mas já sem chorar
Uma lágrima escorre pelo seu rosto
E eu guardo no coração
O seu olhar
Triste, de desgosto…


Tuesday, October 10, 2006

BRINCADEIRAS

Vestir
Tarefa complicada
Não quer
Grita
Chora
Resmunga
Tenta fugir
Ele era igual
São todos
Fase terrível
Desesperante
Brinco com ela
“Mordo-lhe” a barriga
E vou pondo a fralda
Ela ri à gargalhada
Pede mais
Já tem fralda.
E fica quieta
À espera.
Espreito-a
Através da gola da camisola dela
Escondo-lhe a cara
E enfio-lhe a camisola
“Cuca!” “Olá!”
E sorrio-lhe
Dou-lhe um beijinho no nariz
Ela ri
Pergunto-lhe
“Onde está o dedo?”
Ela repete, chama
“Dedo?!, dedo?!”
Enfio-lhe a mão na manga
Ela já há muito que dá o jeitinho
E procura a mão
Ao ver os dedos é uma festa
Sorri
Digo “olá, dedo!”
E dou beijinhos nas mãos
“Que dedos lindos”
Ela ri e estica o outro braço
Repito a mesma lenga-lenga
Camisola ou body vestido
No meio de muita brincadeira
Sem choradeira
Depois pergunto pelo pé
Finjo que procuro
Ela repete “Pê?!”
E levanta as duas pernas
Enquanto ri
Com um ar maroto
Enfio um pé
“Olha, o pé!”
(Quando crescer mais
Será pé direito e pé esquerdo
Que com brincadeira
Vão aprendendo)
Beijinhos no pé
Tem cócegas
Ri à gargalhada
Repete-se tudo
Para o outro pé
Muita brincadeira
Muitos sorrisos
As duas felizes
E está vestida
Sem choro
Sem birra


Mudar fralda
Missão impossível
Grita
Chora
Esperneia
Escorrega-me por entre as mãos
Parece geleia
Ou uma enguia
De tão esguia
Esquiva
Desespero
Obrigá-la a estar quieta
Ainda é pior
Não funciona
Tenho de improvisar
Nova brincadeira
Um cão de peluche
Na posição deitado
Grande, muito grande
Quase do tamanho dela
Puxa-o para cima dela
Esconde-se
Espera
Espreito-a
E vou tirando a fralda
Ri
E volta a esconder-se
Limpo-a
Ela espera
Espera que a espreite
Na expectativa
Levanta o cão
E espreita-me ela
Digo-lhe “olá”
Volta a esconder-se
Coloco a fralda
Começo a por o creme
Pergunto onde ela está
E espreito-a
Mais gargalhada
Acabo de fechar a fralda
E brinco mais um pouco com ela
E assim, sem canseira
E com muita brincadeira
Muita alegria
Fralda mudada, sem gritaria!


Adenda: Isto á ao final do dia, depois do banho que de manhã ninguém fala, nem ela nem eu, está tudo com sono e não gostamos de falar mal acordamos LOL

Monday, October 09, 2006

O TEMPO CERTO (ou post muito longo)

Os vossos comentários
Fizeram-me pensar
Pensar na minha vida antes
Na minha vida depois
Antes e depois do meu filho
Dos meus filhos
Se bem que a grande mudança
Chegou com ele
Foi o primeiro...

Casar nunca me fez sonhar
Ser mãe
Era um objectivo
Uma meta a alcançar
Estava tudo planeado
Na minha cabeça
Queria ser mãe aos 28
Porquê esta idade
Não sei, achava que era
O tempo certo
Terminado o curso
Teria tempo de me organizar
De ter uma vida estável
Com as condições todas
Para receber uma criança

Quando cheguei a Macau
Era tudo incerto
A vida futura
Era um tiro no escuro
Não sabia o que iria acontecer
Como iria correr
Só incerteza
A transferência de soberania
Sempre ali a pairar
A ensombrar o futuro
Que se queria brilhante
Cheguei em 1995
E o 1999 parecia distante
Era para ficar 2 anos
Depois seria mais incerteza
Fiquei, ficámos
Mas sem qualquer certeza
Fui estudando
Fui trabalhando
Os amigos com filhos
Eu apenas sonhando
Planeando
Pensando
No tempo certo
Estudei mandarim
Fui para Pequim
Aprofundar o estudo
Depois comecei o mestrado
O sonho de ter filhos
Sempre adiado
Não era a hora certa...
E a idade avançava
E comecei a pensar
Na hora certa
Que demorava em chegar
Porque havia incerteza
A casa por pagar
E tanta despesa
Que um filho faria aumentar
Os 30 chegaram
O tempo começava a escassear
Quanto mais tarde
Mais complicado seria
Era o que diziam
Decidimos avançar
Preocupados
Com a hora certa
Com as mudanças
A responsabilidade
Com o que “íamos perder”
“O que íamos deixar de viver”
Mas com esperança
Que só a alegria de uma criança
Nos pode dar
Demorou mais de um ano
Para conseguirmos alcançar
O filho que queríamos
E aí a hora certa
Revelou-se tardia
E se eu tivesse um problema
O que eu tremia
Só de o pensar
Que poderia nunca engravidar

O meu filho nasceu
Para me ensinar
A amar
Amar incondicionalmente
Sem nada mais desejar
Porque o seu sorriso era suficiente
Para o dia iluminar

Não foi fácil
Antes pelo contrário
A maternidade
Não é um mar de rosas
Somos postas à prova
Uma prova de resistência
Física e mental
Testa a nossa competência
A nossa paciência
E o amor do casal
As hormonas
Sempre as culpadas
Deixam-nos desesperadas
E às vezes só apetece chorar
Deixar de ser mãe
E queremos ficar sozinhas
No nosso cantinho
Sem ninguém a chatear
E voltamos a pensar
No tempo certo...

Contudo esse tempo
Nunca irá chegar
Porque há sempre algo
A melhorar
Ou talvez o tempo certo
Chegue sem nos avisar
E cabe a nós adivinhar
Ou quem sabe
Será a maternidade
Que nos dá o tempo certo?


Adenda: Falo sempre de mim, da minha experiência e sentimentos, sem criticar ninguém pois como é óbvio cada um sabe de si e cada um deve decidir o que é melhor para si.
Às meninas que procuram a estrelinha desejo que a alcancem rapidamente.

Friday, October 06, 2006

EU, MÃE …


No seguimento do post anterior
Não estou a generalizar
Nem a dizer que alguém é má pessoa
Por não ser mãe, ou não querer sê-lo
A maternidade torna-nos pessoas melhores
As mamãs sabem que sim
Ou talvez a maternidade
Faça sobressair o melhor que há em nós
Mas talvez só depois de ser mãe
É que tomei consciência
Desse lado melhor
O tempo
Que eles ocupam todo
Mas que por eles
Me obrigam a organizar
A mim que sempre fui muito
Talvez até extremamente organizada
Ainda mais disciplinada
E consigo ter tempo para mim
Durmo menos
Leio menos
Mas vivo mais
E aprecio melhor as coisas
Dou mais valor às pessoas
À família e à sua união
Algo que não tive
Mas cujos valores
Lhes quero transmitir
Dou muito valor à amizade
Aos amigos verdadeiros
Que mesmo longe
Estão sempre presentes
À educacão
Aquela que é transmitida
Por mim e pelo pai
Na qual não permito interferências
Embora possa ouvir opiniões
Partilhar experiências
A escola,
A minha maior dor de cabeça
Falta de opções e escolhas a ser feitas
Que condicionam o futuro
Futuro que queremos sempre o melhor
Mas com amor
O meu, o do pai, o deles
Tudo se resolve
Nos dias com menos brilho
Aqueles em que estou triste
Aqueles em que a saudade aperta
E em que parece que nada resiste
Quando o trabalho corre mal
Quando nada faz sentido
Não levo ressentimentos para casa
Como antes fazia
Apesar de competente
Não sou tão dedicada como antigamente
São eles que me iluminam os dias
Embora também me arruinem a paciência
E quase me levem à demência
Com as suas birras e gritarias
São eles que me dão força para continuar
Sempre em frente e lutar
Para lhes dar o melhor
E principalmente muito amor!
Quero apenas dizer
Que não sou a melhor mãe do mundo
Sou humana e erro
Grito com eles
Mas também choro e peço desculpa
Sei reconhecer o erro.
Digo demasiadas vezes
“Depressa, despacha-te”
“Já estou atrasada”
“Não tenho tempo”
“Depois a mamã vê, explica, faz”
E às vezes o depois parece nunca chegar
Porque há coisas a fazer
Coisas a preparar
Porque no dia seguinte
Eu vou trabalhar
Eles vão para a escolinha
Muitas vezes deixo tudo
Para depois de os deitar
E aproveito para com eles brincar
E durmo menos
Para aproveitar e fazer as coisas
Como preparar comida
Passar a ferro, cozer...
Arrumar brinquedos
E até namorar
Porque eles estão sempre primeiro!
E porque hoje a amorinha já não ficou a chorar! ;)

Thursday, October 05, 2006

ELOGIOS

Ontem à tarde
No trabalho
Uma colega
Três anos mais nova que eu
Sem filhos
A pensar se os vai ter
Se é muito tarde
Se será capaz de cuidar deles
Na responsabilidade

Falo-lhe das coisas boas
Mas também das menos boas
Da realidade
Das doenças
Mas também da compensação
De como mudamos
Nos tornamos pessoas melhores
Mais paciente
Mais tolerante
Como a casa arrumada
Já não é tão importante
Como gosto de ver os brinquedos espalhados
E quando isso não acontece
É mau sinal
É porque estão doentes

Diz-me que está a estudar à noite
Depois de sair do trabalho
Falo-lhe do meu mestrado
Feito durante a gravidez
A tese escrita depois do meu filho nascer
Ela diz que não tem tempo
Respondo-lhe que nunca temos
Nunca há tempo
Temos sempre algo para fazer
Mas se decidimos ter um filho
Tudo muda
E há sempre tempo
Conseguimos continuar
A fazer tudo
De um modo diferente
Mas com esforço
Tudo se consegue

Diz-me que me admira
Que não sabe como consigo
Duas crianças
Sempre um sorriso
Que nunca estou cansada
Mesmo quando não durmo nada
Reforço o que tinha dito antes
Que mudamos muito
Nos tornamos pessoas melhores
E o amor deles
Dá-nos energias que não conhecíamos
Que não sabíamos possuir
E que um sorriso nos ilumina o dia
E até a mais escura das noites
Volta a dizer que me admira
E que vai pensar.

A amorinha ficou na creche
Fez beicinho ao meu colo
Abraçou-me
Mas ao chegar a auxiliar
Foi de livre vontade para o colo dela
Embora a chorar
Pediu :”bebé”
E a auxiliar foi-lhe mostrar os bebés
Custou um bocadinho menos
Porque mesmo tristinha
E a choramingar
Foi por iniciativa própria
Que saiu do meu colo
Para lá ficar.
Amanhã será melhor

Wednesday, October 04, 2006

MAIS UM DIA

Noite muito mal passada
Choramingou o tempotodo
Acordou tantas vezes
Pediu o seu “titinho”
Tinha calor
Tinha frio
Está um pouco entupida
Quase às 5 da manhã
Adormeceu profundamente
Tanto que ressonava.
Às 7:45 bebeu o leite ao meu colo
A dormir e a resmungar
Não queria ser perturbada
Mudo-lhe a fralda
Acorda
Segura os sapatos
E diz contente “pá-páu”
Palavra com imensos significados
Desde sapato a batata!

A amorinha choraminga
Porque o mano vai para a escola
E vai o caminho todo para a creche
A chamar e a perguntar pelo “mênú”
Hoje ao chegar agarrou-se a mim
“Com unhas e dentes”
Cabeça encostada no meu ombro
Tanto miminho, tão bom
A auxiliar veio buscá-la
Foi a chorar
Mais que nos outros dias
Sentida, magoada
Daquele choro sem som
Daquele que me corta o coração
Mal voltou as costas
A auxiliar mostrou-lhe a sala dos bebés
E ela calou-se
Adora bebés

Tuesday, October 03, 2006

HOJE

Ontem à tarde fomos ao jardim
Longe, como o meu boneco diz
Longe que não ultrapassa nunca 30 minutos de carro
Andou nas motas
A mana chamava-o
Gosto de aproveitar todos os momentos
Para estar com eles
Ele jogou à bola
Ela correu pela relva
Pediu para ficar “bi” (bonita)
Apanhei umas florzinhas do chão
Pus atrás das orelhas
E ela andava por lá
Para trás e para a frente
Toda contente
Brincaram muito
Divertiram-se
Divertimo-nos
À noite tudo cansado
Adormeceram rápido
Ela, sem as fitas do costume
Ele, mal caiu na cama
Pela primeira vez ela não acordou de noite
Dormiu tudo seguido
Das 21:00 às 7:00
Acordou a pedir “titinho”(leitinho)
Bebeu e voltou a adormecer
Despachei-me
Às 7:30 acordei o mano
Vesti-o
Bebeu leitinho
7:45 acordar a mana
Vesti-la e calçá-la
O que ela adora sapatos
Repetir o ritual de ontem
Levá-lo à escola
Ela quase chora
Ao deixá-lo lá
Ele orgulhoso dela
Levá-la à creche
Ela reconhece o local
Agarra-se a mim
A espera...
Espera da auxiliar
Para a levar
A auxiliar que tarda
Ela senta-se no chão
A brincar com a mochila do Mickey
Não a larga
A auxiliar chega
Reconhece-a, choraminga
Agarra-se a mim
Diz “não!” e eu não a quero largar
Digo-lhe que não faz mal
Que vai brincar com os meninos
Levam-na, arrancada dos meus braços
Sorrio-lhe, digo que a empregada a vai buscar
Que hoje a mamã precisa trabalhar
Chora e estica os braços na minha direcção
Mas não esperneia nem esbraceja
E o papá diz que é bom
A meio do corredor
Tal como ontem
Vê o jardim lá fora
E chama “Mamã!!!”
Ouço-a mas já não a vejo
Já espero o elevador
Que me leva para longe dela
E hoje trabalho
Vou vê-la ao almoço
Enchê-la de miminhos
E beijinhos.

Monday, October 02, 2006

INFANTÁRIO

7:00 Acordar
Despachar-me
7:30 Acordá-lo
Vesti-lo, dar-lhe o leitinho
7:40 Acordá-la
Dar-lhe o leitinho ainda a dormir
Ele entra no quarto
Ela abre os olhos ao ouvi-lo
Ele, independente
Vai à casa de banho
Xixi, dentes e cara lavados
Penteia-se e perfuma-se
Como hoje cresceu o meu menino
Ela olha-o do quarto
Mudo a fralda
Visto-a
Falo com ela
Explico-lhe onde vamos
Primeiro levar o mano
Ela gosta da escola dele
Ele orgulha-se dela
E responde a quem lhe pergunta
Com um grande sorriso
“É a minha mana!”
Ela chama por ele ao vê-lo entrar
Ele olha-a, sorri e acena
Sabe que hoje a mamã e o papá
Não vão entrar com ele
Não lhe vão ler a história
Porque temos de ir levar a mana
Não está triste
Aceita.
Ela choraminga ao ir embora
A mão esticada na direcção dele.
Coloco-a na cadeirinha
Digo-lhe que de seguida vamos à creche
Onde ela já foi
Que vai lá ficar só um bocadinho
Que vai passar rápido
Que tem meninos e meninas para brincar
E muitos brinquedos
Olha-me séria
Parece perceber-me
Quer ser ela a chamar o elevador
A marcar o piso 2
Chegamos
Ainda é cedo
Brinca com a pequena mochila do Mickey
Mochila que já foi do mano
Creche que já foi a do mano
Lá dentro (da mochila) uma muda de roupa
E uma fraldinha de pano
Companheira para dormir
Sei que hoje não o vai fazer
Mas é para que numa próxima vez não me esqueça
Chamam a auxiliar
Vêm buscá-la junto com outro menino
Ela esconde-se atrás de mim
A auxiliar leva o outro menino
E o pacote XL das fraldas dela (para mais de 12 kgs)
Ela chama pelo bebé
Que está desenhado no pacote das fraldas
Volto a falar com ela
A explicar-lhe que tem de lá ficar
Um bocadinho muito pequenino
Que depois a mamã e o papá
Vão buscá-la e vamos para casa
A auxiliar volta
Pega nela ao colo
Leva-a a chorar pelo corredor
Vejo-a a tentar atirar-se dos braços da auxiliar
Atira-se na minha direcção
Quero ir buscá-la
Mas aceno-lhe e sorrio
Mando beijinhos
E digo que não faz mal
Um corredor comprido
A sala dela é a última ao fundo do corredor
Sala F.
A meio do corredor vê o jardim
Cala-se
Pára de chorar
Aponta como a pedir para ir para lá
Vai para a sala
Recepção fria
Eu e o papá com a mesma sensação
Que corte tão radical
Nem a podemos acompanhar à sala
Até na escola do mano
Há uns minutos para os pais e filhos estarem juntos
Sentimo-nos vazios
Um pouco tontos
Voltamos a casa
Tomamos pequeno almoço
Preparo as coisas para o almoço
E a sopa dela
As horas
Passamos o tempo a ver as horas
E a falar nela
Perto das 11h vamos buscá-la
Chamam-na
Esperamos
Olhamos o corredor vazio
Aquela hora ninguém vai buscar ninguém
Silêncio
Só nós à espera dela
O relógio de ponto marca os minutos
Arrasta-se pesado
Como o tempo que demora em passar
Por fim vislumbro-a
Ao fundo do corredor
De mão dada com outra auxiliar
Páram a meio
Ajeita-lhe a sandália
Sorrio-lhe
Ajoelho-me à espera dela
À espera de a abraçar
Aponta para os bonecos
Que decoram as paredes
Daquele longo corredor
Aponta para o jardim lá fora
Onde hoje não foi
Finalmente chega junto de nós
O papá filma
Para mais tarde recordar
Eu agarro-a
Dizem ao papá que ela não chorou
Digo-lhe para dizer adeus
Ela manda beijinhos
Ficámos todos surpreendidos
Fiquei feliz porque ela não chorou
Ao sair da creche
Pergunta pelo “mênú”
Digo-lhe que está na escola
Pergunta pelo “Nôddí”
Respondo que vamos para casa ver
Agora está a dormir
Amanhã é outro dia.