Monday, October 02, 2006

INFANTÁRIO

7:00 Acordar
Despachar-me
7:30 Acordá-lo
Vesti-lo, dar-lhe o leitinho
7:40 Acordá-la
Dar-lhe o leitinho ainda a dormir
Ele entra no quarto
Ela abre os olhos ao ouvi-lo
Ele, independente
Vai à casa de banho
Xixi, dentes e cara lavados
Penteia-se e perfuma-se
Como hoje cresceu o meu menino
Ela olha-o do quarto
Mudo a fralda
Visto-a
Falo com ela
Explico-lhe onde vamos
Primeiro levar o mano
Ela gosta da escola dele
Ele orgulha-se dela
E responde a quem lhe pergunta
Com um grande sorriso
“É a minha mana!”
Ela chama por ele ao vê-lo entrar
Ele olha-a, sorri e acena
Sabe que hoje a mamã e o papá
Não vão entrar com ele
Não lhe vão ler a história
Porque temos de ir levar a mana
Não está triste
Aceita.
Ela choraminga ao ir embora
A mão esticada na direcção dele.
Coloco-a na cadeirinha
Digo-lhe que de seguida vamos à creche
Onde ela já foi
Que vai lá ficar só um bocadinho
Que vai passar rápido
Que tem meninos e meninas para brincar
E muitos brinquedos
Olha-me séria
Parece perceber-me
Quer ser ela a chamar o elevador
A marcar o piso 2
Chegamos
Ainda é cedo
Brinca com a pequena mochila do Mickey
Mochila que já foi do mano
Creche que já foi a do mano
Lá dentro (da mochila) uma muda de roupa
E uma fraldinha de pano
Companheira para dormir
Sei que hoje não o vai fazer
Mas é para que numa próxima vez não me esqueça
Chamam a auxiliar
Vêm buscá-la junto com outro menino
Ela esconde-se atrás de mim
A auxiliar leva o outro menino
E o pacote XL das fraldas dela (para mais de 12 kgs)
Ela chama pelo bebé
Que está desenhado no pacote das fraldas
Volto a falar com ela
A explicar-lhe que tem de lá ficar
Um bocadinho muito pequenino
Que depois a mamã e o papá
Vão buscá-la e vamos para casa
A auxiliar volta
Pega nela ao colo
Leva-a a chorar pelo corredor
Vejo-a a tentar atirar-se dos braços da auxiliar
Atira-se na minha direcção
Quero ir buscá-la
Mas aceno-lhe e sorrio
Mando beijinhos
E digo que não faz mal
Um corredor comprido
A sala dela é a última ao fundo do corredor
Sala F.
A meio do corredor vê o jardim
Cala-se
Pára de chorar
Aponta como a pedir para ir para lá
Vai para a sala
Recepção fria
Eu e o papá com a mesma sensação
Que corte tão radical
Nem a podemos acompanhar à sala
Até na escola do mano
Há uns minutos para os pais e filhos estarem juntos
Sentimo-nos vazios
Um pouco tontos
Voltamos a casa
Tomamos pequeno almoço
Preparo as coisas para o almoço
E a sopa dela
As horas
Passamos o tempo a ver as horas
E a falar nela
Perto das 11h vamos buscá-la
Chamam-na
Esperamos
Olhamos o corredor vazio
Aquela hora ninguém vai buscar ninguém
Silêncio
Só nós à espera dela
O relógio de ponto marca os minutos
Arrasta-se pesado
Como o tempo que demora em passar
Por fim vislumbro-a
Ao fundo do corredor
De mão dada com outra auxiliar
Páram a meio
Ajeita-lhe a sandália
Sorrio-lhe
Ajoelho-me à espera dela
À espera de a abraçar
Aponta para os bonecos
Que decoram as paredes
Daquele longo corredor
Aponta para o jardim lá fora
Onde hoje não foi
Finalmente chega junto de nós
O papá filma
Para mais tarde recordar
Eu agarro-a
Dizem ao papá que ela não chorou
Digo-lhe para dizer adeus
Ela manda beijinhos
Ficámos todos surpreendidos
Fiquei feliz porque ela não chorou
Ao sair da creche
Pergunta pelo “mênú”
Digo-lhe que está na escola
Pergunta pelo “Nôddí”
Respondo que vamos para casa ver
Agora está a dormir
Amanhã é outro dia.

20 comments:

Anonymous said...

Obrigada querida...obrigada!
Enganas-te...as tuas palavras ajudam e muito, sinto-as sinceras e com muito carinho.
Mil beijinhos

Sonhadora

Não desistir said...

Custa tanto quando eles ficam a chorar...
...felizmente no infantario do Kiko posso entrar na sala dele e ficar lá um bocadinho mas sei que na maior parte dos infantarios os pais não podem entrar.
Beijinhos

Anonymous said...

olá! Pois tb me custa muito deixar a tania (minha mana linda) no infantário, mas como ja começaram as aulas vou sempre eu primeiro para a escola!
Bjokinhas

rute28 said...

Cuuuuusta taaaaanto doi tanto amiga parece que nos tiram um pedaço é horrivel , e nós temos que aparentar calma e serenidade, porque é que não podemos pegar nelas e desaparecer dali??! Porque somos os adultos e temos um papel que não pode falhar nunca o de ter sempre compostura nesses momentos!!
Ainda bem que ela está a gostar sei que ficaste como coração pequenino mas também vai passar!!
bjs

Grilinha said...

Que bela maneira de contar o vosso dia a dia...ela é mesmo matulona...+ de 12 kgs? Uau !!! Beijinhos

Amor de Mãe said...

Imagino a tua dor amiga, mas ela reagiu bem!!!E uma mulherzinha!!!
:D

Olha, mudei o meu url para
http://sonharealizar.blogspot.com!!
Nao deixes de nos visitar!!
;)

Jinhos

Tita Dom said...

A dor que fica em nós é como um nó que custa a desmanchar...
Mas ela é uma valentona :-)

Beijocas

Anonymous said...

Acho que estas pequenas separações custam mais a nós do que a eles, ou as nossas crianças não fossem "gente em ponto pequeno".
Beijocas fofas

Cláudia said...

Deve ser terrivel deixa-los!
Beijinho muito grande

Miduxe said...

gostei mesmo deste teu post... ainda bem que o primeiro dia correu bem!!!
bjs

Mamã do Diogo said...

Amanha tb é o 1º dia do Diogo na creche,mas voupoder entrar k ele,mas normalmente n deixam,tem horario p cumprir :(,e mt triste qd ficam a chorar.
Beijokas

T said...

Hoje tb foi o 1.º dia da minha... Chorei eu, ela felizmente não...
Bjs

Raquel said...

Nunca passei pelo que passaste, mas deu para sentir um bocadinho, fiquei com o coração bem apertadinho...O amor de mãe deve ser fantástico...termos que nos separarmos dos nossos filhos deve ser bem dificil, mas a tua pequenina revelou-se bem segura de si! Parabéns. beijinhos

nada said...

bolas, coração de mãe sofre! nem quero pensar quando chegar a minha vez...
beijinhos e coragem

DIANA - MÃE DA MARIA said...

Apesar de tudo até correu bem...
Bjinhos e força esta fase não deve ser nada fácil.

Carina said...

Que bom que tudo correu bem! Com o tempo, correrá ainda melhor!

Beijocas

T. said...

Ler o teu post fez-me ficar com as borboletas na barriga!!!! Aiiiii
Amanhã é outro dia!
Beijinhos

Manela said...

Deve ser horrivel deixa-la assim, mas tem de ser, é a vida.
Qd for eu a deixar o André acho que vou chorar pq só de pensar fico com dores de barriga.
Bjs grandes para todos

Vera Angélico said...

Arrepiei-me ao ler-te! Temos sempre todas sensações tão idênticas, mas os nossos medos vão felizmente embora com a certeza do bem estar deles!

Que bom que correu bem!!!

Beijinhos!

Nina said...

No início do teu relato fiquei impressionada pela frieza que descreveste e julguei que teria corrido mal..felizmente não aconteceu:)
Deve ser terrível ver os nossos filhos passarem por todas estas situações que os marcam tanto!